sábado, 2 de outubro de 2010

A FICHA DO HERÓI

O quadro eleitoral com a lei da Ficha Limpa nos trouxe aquilo que há de mais peculiar na cultura brasileira, o espaço de indefinição pelas incertezas das posições magistrais, além disso, as consequências duvidosas de um remendo provisório na orquestração de um arranjo, talvez seja definitivo. O candidato não é presentemente considerado, mas participa do pleito até ulterior sentença, que poderá ser eleito ou definitivamente degolado. No rebuliço desta equação, os resultados partidários alcançados pela numeração dos votos sofrerá rearranjos patéticos entre a expansão ou a diminuição partidária ou das bancadas. Muitos poderão ser eleitos e depois deseleitos e, os que não forem eleitos poderão vir a ser. Equação garatujante, menos incosequente das tramóias culturais. A diversidade siamesa da adversidade, constitui o labirinto dos mosaicos de nossa brasilidade visceralmente macunaímica, própria do herói sem caráter, ou melhor dizendo, do herói genuinamente brasileiro. Singularidade concessionária de um modus vivendi exclusivamente nosso, que nos faz necessariamente brasileiros, a nossa brasilidade como triunfo sobre a intolerância, sobre o rigorismo geométrico e sobretudo ao racionalismo verum, o excludente severo das dissenções humanas.
Portanto, nesta singularíssima paisagem, brilha o tropicalismo multirracial de genes multifacetados da nossa especialíssima brasilidade que nos faz e nos dá a soberbice destes vales.
Sergio Nunes


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Voto em ficha-suja será considerado nulo

Enquadrados pela nova lei só terão votação contada se obtiverem vitória judicial; regra deixa pleito sub judice

Critério, confirmado pelo TSE ontem, atinge campeões de voto, como Maluf e Jader, e pode levar a troca de eleitos

RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou nota ontem em que esclarece que serão considerados nulos durante a apuração os votos dados a candidatos enquadrados pela Lei da Ficha Limpa.
A decisão decorre da indefinição do Supremo Tribunal Federal sobre a validade da lei para as atuais eleições e provocará uma situação de instabilidade inédita em relação ao resultado que sairá das urnas no domingo.
Por estarem por enquanto barrados pela nova lei, campeões das urnas como Paulo Maluf (PP-SP) e Jader Barbalho (PMDB-PA) terão seus votos considerados a princípio "nulos" no domingo.
Mas se vencerem a batalha jurídica posteriormente, os votos que receberam passarão a valer, e deverá haver nova proclamação de resultados. Isso pode levar a uma mudança substancial do cálculo das bancadas e do quadro dos eleitos, tanto no Congresso quanto nos governos.