quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ATITUDE

Margaridinha querida. O Atitude veio pra ficar. Ele nos proporciona o lado mais nobre da vida, a caritas, que é o amor despojado, sem compromisso, sem cobranças, o amor providentino que a natureza nos proporciona pela Garça do Altíssimo. Nos proporciona também a capacidade de que o mundo não é apenas disputa, poder, violência, rancor, mas sobretudo partilha, doação, altruísmo. É disso que realmente precisamos e nos sentimos muitíssimo bem. Continue apostando no Atitude, pois vale a pena tudo o que você plantou. Desistir nunca!

ESSIENI, O DIÁRIO DE VIAGEM IV

          Saímos do hotel direto para o café na Rue du Temple, saboreamos baguetes e croisans fresquinhos, com ovos fritos salpicados com sal fino. Depois descemos a rua espreitando as pessoas que passavam com os passos estugados e belas vestimentas. As francesas tradicionais com suas vestes em tom sobre tom (degradé) desfilavam visivelmente ressabiadas à “ Le Pen “.

            As mansardas tão belas sobressaiam-se nos chateux com suas bordaduras e cornijas trabalhadas, solenemente enfeitando os telhados inclinados de ardósias escuras, aldravas de bronze e cobre davam um brilho especial nos grandes portões de entrada dos átrios.
            Paris com suas ruelas sinuosas e estreitas, boceja em labirintos e embriaga-se com os vinhos Bordeux, Sto. Emilion, champagne e charutos que exalam odores deliciosos.
            Subimos no ônibus e descemos no museu Dorsay em visita aos impressionistas Monet, Van Gohge, Touluse, Lutrec e Renoir. Sua nave central em granito liso e frio, dispunha de belas estátuas em mármore branco, destacando-se Narciso e Napoleão Bonaparte montado em seu cavalo Bucéphalus. O teto em vidro fosco ornava em forma de abóbada os vitrais que iluminavam o grande salão pela luz do sol. O relógio dourado, uma gigantesca esfera, chamava a atenção dos que por lá passavam. Tamanha era a riqueza de seus detalhes e o esplendor de sua beleza.
            Procurei sala a sala, nave a nave e, para a minha decepção não encontrei o que mais buscava admirar, talvez esteja no Metropolitan em Nova York.
            As “meninas de rosa e azul“ de Renoir e as “ botas envelhecidas “ de Van Gohge. De certo que tudo o que havia visto não havia apaziguado minha decepção. Dorsay tornou-se menos interessante.
            Apanhamos o ônibus e fomos para Saint German – um belo bairro de estilo, com suas lojas de grife e seus caros cafés. Saímos caminhando pela calçada apreciando o movimento e chegamos a Praça de Sartre e Bovoir. Entramos na Igreja, rezamos juntos e saímos para trocar dólares no câmbio.
            Em seguida sentamos no Café Saint German e fomos atendidos por um garçom português que nos facilitou os pedidos. Tomamos um vinho tinto delicioso e partimos para a Igreja do sagrado Coração que fica no alto de Mont Martre, num táxi dirigido por uma simpática Madame francesa. Ao descer nos demos conta que havíamos esquecido as sacolas de compras no Café em Saint German. Demos meia volta e retornamos um pouco tensos. Conseguimos de volta as sacolas e no mesmo táxi partimos para o hotel ouvindo Tom Jobim no rádio. Fiquei cheio de orgulho e cantarolava por me sentir naquele momento, brasileiro.
            Chegamos no hotel, apanhamos as bagagens e fomos direto para a estação de trem, pois embarcaríamos às 20h para Veneza, deixando Paris tão viva na memória dessas letras mortas.
            Neste momento estamos no vagão do trem, num camarote com quatro camas estreitas, ar condicionado e uma luz acesa que me proporcionou claridade para escrever. Denise no beliche superior esquerdo, Rute e Izi no beliche de baixo à direita deitam-se agarradas, sonhando, quem sabe, no amanhecer em Veneza.

06/07/02