segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA



Considerando o Editorial da FSP no seu último §, trouxe a baila uma das questões ingentes que precisam ser rediscutidas com certa urgência pelo PT para não morrer de inanição. Ora vejamos, nos momentos cruciais da Campanha política o PT exorta a militância a arregaçar as mangas para lutar pela vitória do candidato, exorta a ser aguerrida e a levantar o moral para caminhar em prol do avanço partidário. Talvez o único partido de massa no Brasil que ainda detém uma reserva ideológica voluntária que, ano após ano vai sofrendo de inanição e levada ao esgotamento até a completa exaurição, se o ritmo continuar assim, seja o PT. Infelizmente o PT abandonou completamente a sua militância que hoje faz o papel de reserva, de lacaios para auxiliar e socorrer o partido nas suas lutas e aflições, sem que dele o militante tenha qualquer espaço para decidir, pois as decisões tornaram-se retóricas de gabinete apresentadas em convenções, sem o devido lastro da base. O modelo orgânico que expandiu o partido na sua origem foi completamente extinto em função da empáfia dos doutos partidários que perderam o fio da história e, em detrimento da organicidade assumiram a postura clássica do caudilho, reduzindo a organicidade pulsante pelo burocratismo enviezante e mumificante próprio da direita burguesa que sempre pautou suas ações de cima para baixo.
O que chamo de organicidade petista? Senão a base política da sua militância enquanto esfera partidária de ação dinâmica e impulsionante do ser partidário e da vivacidade motivacional para a ação e execução das propostas partidárias, que reuniam-se regularmente em cada bairro, em cada associação, em cada escola e em cada universidade para encaminhar propostas e sugestões às instâncias superiores do partido. Este foi o elo perdido que minguou a pujança e o vigor partidário e foram abandonados a própria sorte. É nesta base que está os nutrientes para manter o partido vivo e atuante. É a partir dela que o PT toma corpo para o enfrentamento social e político.
Não queremos organizar milícias, muito menos militância soldadesca, mas agentes orgânicos que constituem, de certo, a dinamização influente nas decisões partidárias. Somente neste processo somos capazes de reavivar o comprometimento necessário para o engajamento político-partidário e redimensionar o conceito de partido que fora perdido, para reformular a participação basilar de sua estrutura e fazê-la organicamente atuante e capaz. Somente assim, teremos condições suficientes para discutir e refletir sobre os possíveis erros que governantes cometem isoladamente, mas que irradiam para todo o partido. Neste campo temos exemplos notórios em todos os níveis: municipal, estadual e federal, pelo simples fato de que determinadas decisões de governo não são ensaiadas no varejo, nem passam pelo crivo das opiniões, ficando apenas nas decisões isoladas de alguns iluminados. Sabemos que não cabe aos núcleos de base decidir sobre governos, mas tem um papel importante como caixa de ressonância partidária, cuja influência serve de  eco para as posturas políticas. Cabe ao Partido dos Trabalhadores repensar seriamente esta questão ou seremos mais um nessa seara de dissimulações.

EDITORIAL FSP

A participação efetiva dos cidadãos no processo partidário, a começar pelo clássico recurso às prévias eleitorais, é um fenômeno quase inexistente no Brasil. Dos "notáveis" do PSDB aos "coronéis" do PMDB e do DEM, passando pelos "comissários" petistas, a política brasileira profissionalizou-se no seu pior sentido -e "refundar" os seus procedimentos, com certeza, é um desafio que independe das lideranças, novas ou não, que ocupam o proscênio.
08/10/10