quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ESSIENI, DIÁRIO DE VIAGEM VII

Despertamos na serra de Boscheto ao frescor das montanhas e o canto dos pássaros.
Após o banho fomos mangiare os bolos de Mama Rosa com um delicioso café com leite.
Paulo e Denise haviam saído para levar o carro na oficina e fazer compras para o almoço. Tudo muito tenro: as verduras colhidas na horta de Mama Rosa, com alguns legumes e a ricota fresca que Paolo trouxe da mercearia; ferveu por alguns minutos os tomates e, com muita leveza retirava a pele fina para fazer o molho da massa. Depois adicionou mussarela fresca, salsa e alfavaca colhida na horta numa composição a la Monet. O almoço estava delicioso ao sabor de um vinho branco da serra.
Estava presente um casal de amigos de Paolo: Franco e Gabriela, que conversavam bastante durante o almoço. Eu e Rute pouco falamos, pois não dominávamos o italiano, apenas pronuncio algumas palavras. Valiosas palavras por sinal que me fazem resolver algumas situações.
Fomos depois sestar e despertei com o ruído de Alésio e Izadora brincando no pomar. Com Alésio saí pela manhã e fomos até a plantação de feno para apreciar o panorama das serras, que desenhavam várias formas e davam vários tons de acordo com a plantação e a geometria de seus traçados.
Tudo é muito encantador, revelando-se em sentimentos e emoções de muita paz e muita liberdade. Nada igual, nada parecido. Tudo se inova e se revela inusitadamente.
Bela Boscheto tão meiga, tão carinhosa, tão acolhedora. Teu corpo esverdeado e oblongo em vários gomos desenhado, se deita e descansa como tapete na terra da Úmbria.
Saímos a tarde para um passeio de reconhecimento até a Igrejinha que se encontrava fechada. Sentamos no banco de pedra e em torno reinava absoluto silêncio, quebrado apenas pelo marulhar das águas no córrego que desciam da montanha.
As fontes de água que encontrávamos eram sempre motivo para molharmos as mãos e sentirmos o frio enregelante na pele.
Mais tarde fomos ao ristorante “Il Roseto” e sentamos em uma mesa que se localizava num deque sobre um laguinho – viveiro de trutas que solenemente nadavam. A noite era fria, estávamos agasalhados e saboreamos um prato de massa com “tartufo”, uma erva que nasce no sub-solo das montanhas que tem grande valor afrodisíaco e sabor terroso.
Depois retornamos à casa pela noite silenciosa e fria, caminhando pela rua densamente arborizada em forma de túnel. A escuridão nos cerrava a visão, só víamos as estrelas e sentíamos o frio do sereno.
Enquanto as meninas foram dormir, Paolo, Franco, Gabriela e eu, ficamos no pátio recitando poesias em louvor aos poetas e a noite que se estendia sobre as montanhas na Úmbria.

09/07/02