sexta-feira, 15 de abril de 2011

O FRACASSO DO PSDB


De certo, o ato falho de FHC ao estigmatizar o Povão, confere indubitavelmente o ranço elitista e burguês, típico dos que governam com desprezo aos menos favorecidos e portanto, jamais conseguiriam levar a cabo um programa de erradicação da miséria, além do divorcio intransponível que o colarinho branco do PSDB selou entre o partido e o povão: movimento popular, sindical, estudantil e eclesial. O PSDB como a maioria dos partidos brasileiros existem artificialmente, não possuem história, nem lastro social. A sua história é tão somente uma redoma que se encerra em si mesmo.
Quanto a resposta rasteira de Lula, isso é irrelevante, o que importa que é eficaz porque se identifica com os anseios populares e, Lula melhor que ninguém sabe disso. O sapo barbudo tornou-se, a inteligência política-popular, que os ressabiados intelectuais nunca imaginaram.
Quanto a nova classe emergente, que me desculpe o articulista, mas gostaria de saber com base em que "a classe emergente que não se identifica com o PT (quase ao contrário)". Baseia-se por acaso em alguma pesquisa? Qual? Que metodologia foi aplicada? Mas parece-me que não. No entanto, pelo que percebo e convivo, seja nas feiras, nas ruas, na periferia, é justamente o contrário. Daí a vitória consagradora do PT. O parlamento que o diga. Neste sentido discordamos da conclusão.
Enquanto isso, o PSDB fica patinando perdido sem saber o que fazer diante dos fracassos e dos rachas congênitos. E pretende-se oposição apenas de garganta, sem levar em conta uma agenda mínima de realização para demonstrar a que veio, e mais, apela para a classe média na propaganda televisiva, criticar "os atrasos" nas obras para a Copa e, isso não é rasteiro? De blá blá blá estamos cheio. É preciso demonstrar que pode fazer melhor e bem feito. Só assim pode ter credibilidade, apesar da história partidária incipiente. Espero que não se torne um cabide avulso como o DEM, O novo PDB e o velho vampiresco PMDB. Disto já estamos fartos.

FERNANDO DE BARROS E SILVA
FHC e a direita nova
SÃO PAULO - Ato falho, gafe, deslize, apenas um detalhe -seja o que for, o uso infeliz da palavra "povão" no artigo mais famoso do que lido de Fernando Henrique Cardoso reforça, sim, o estigma de que tucano é meio alérgico a pobre.
Lula, espertalhão, percebeu a deixa e já tratou de esfregar na cara do antecessor a palavra pela qual seu texto será lembrado: "Agora tem um presidente que diz que não precisa ficar atrás do povão, esquecer o povão. Sinceramente, não sei como é que alguém estuda tanto e depois quer esquecer do povão".
Crítica rasteira, sem dúvida. Mas a culpa, no fim das contas, cabe a FHC, que fez uma intervenção política, por mais elaborada que seja, e não um "paper" sociológico a ser discutido entre seus pares. Interessantíssimo como análise, o texto de FHC é politicamente desastrado.
Reduzido a seu cerne, o artigo reconhece uma impotência e vislumbra uma brecha para o PSDB.
A impotência: o governo petista cooptou sindicatos e movimentos sociais e dispõe de mecanismos para conceder benesses às massas mais carentes. Contra esse poder, a palavra da oposição pouco pode.
A brecha: há, no país, uma grande classe média emergente, com demandas novas de consumo e cultura, que não se identifica automaticamente com o PT (quase o contrário) e com a qual o PSDB precisa criar canais efetivos de diálogo.
Que partido seria esse, capaz de falar aos anseios dos novos consumidores, integrados à pauta historicamente vitoriosa do individualismo possessivo? FHC não chega a explicitar esse passo, mas o corolário do que ele diz parece evidente: para sobreviver, o PSDB precisa caminhar em direção à direita.
Em termos da política norte-americana, seria como se FHC dissesse o seguinte aos tucanos: o PSDB perdeu, por circunstâncias históricas, a condição de ser o Partido Democrata no Brasil; se não perceber o que está acontecendo na sociedade, também perderá logo a chance de ser o Partido Republicano.