quarta-feira, 10 de novembro de 2010

TECNOLOGIA E DOENÇA



Perplexo diante de tal fato já enunciado e propagado sem o devido selo científico, dou-me conta da gravidade da situação, conforme Devra Davis relata sobre a nocividade das ondas magnéticas liberadas pelo celular. O uso deste como entretenimento para a garotada e compulsividade para os adultos, mercê de sua eficaz utilidade, nos traz graves prejuízos. Sem dúvida que o dia tornou-se mais veloz, as decisões mais práticas, as tarefas mais encurtadas e o tempo mais preenchido. Assim deixamos de lado a contemplação, aquele desparecer do espírito em si mesmo para as coisas em si, um tênue liame extensivo que transcende-se no mundo formando apenas um. Momento singularíssimo no seio da paz e calmaria no turbilhão do tumulto e solavancos do dia a dia. O ruído estridente, o toque enervante, a música chateante e o alvoroço das vozes tonitroantes do alheio que por vezes somos obrigado a ouvir. Gente vociferando, nervosos saltitantes, apressados galopantes, raivosos estupendos e graciosos romances públicos. Signos de novos tempos, mudança na cronologia indigente e desfiguração do ambiente perdido. Como se não bastasse, efeitos nocivos das ondas magnéticas que avançam pelos labirintos, ecoam no estribo, martelam no cérebro e perfura com a bigorna provocando alzheimer e câncer. Seremos escravos do tecnologismo insano por nós inventado e vivido? Ou seremos capazes de nos empinarmos e merecermos a autonomia pela vontade que nos vale o limite, e a saúde psicológica que nos vale o bem estar? Livres dos toques incômodos e das ondas magnéticas silenciosas e virulentas que atacam sem percebermos, soltemos um brado de alerta pelo necessário e útil, a exata medida natural e providentina, peça prudente e sofisticada, no uso correto do celular. 


PASSIVO DE RADIAÇÃO

Para mim, o estresse provocado por essa comunicação fácil e onipresente já seria asfixiante, motivo pelo qual mantenho distância de celulares -não quero ficar "on" o dia todo. Pois, agora, as graves denúncias da cientista americana Devra Davis, 64 anos, autoridade mundial em saúde pública e ambiental, completam minha apreensão. Seu livro "Disconnect", lançado em NY em setembro e ainda sem editor no Brasil, tem o subtítulo "A Verdade sobre a Radiação dos Telefones Celulares".

Segundo ela, a radiação que se desprende de um celular à orelha reduz as defesas do cérebro, induz à perda de memória, aumenta o risco de Alzheimer, interfere no DNA e é um agente cancerígeno. E a indústria sabe disso, mas ninguém interfere num negócio de trilhões de dólares se não for obrigado.

É cruel. As crianças são loucas pelo celular, e seu cérebro, ainda em formação, absorve até mais radiação que o dos adultos. A radiação de um celular usado num elevador rebate nas paredes e afeta quem está por perto, como acontece com o fumo. E é possível que só agora, anos depois, os verdadeiros efeitos nocivos dos celulares estejam se fazendo sentir.

A primeira pessoa que conheci com celular, em 1993, morreu este ano, de câncer no cérebro. Era um famoso jornalista esportivo.

Ruy Castro FSP 10/11/10