terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ESSIENI, O DIÁRIO DE VIAGEM II

Ontem não tive tempo para escrever. Enquanto esperamos Denise, escrevo sentado no hal de entrada do hotel, ao som da voz de Jean Philipe.
  O dia ontem foi agitadíssimo, saímos e tomamos café e em seguida caminhamos para o majestoso Museu do Louvre, aguardamos Denise no belo átrio, sentados à beira da fonte e não cansava de contemplar aquele magnífico prédio iniciado no séc. XVI e construído pavilhão a pavilhão por vários reis e o imperador Napoleão I, encerrado por Napoleão III, por fim a marca indelével de Miterrand com as pirâmides de vidro no entorno do museu.
            Tocava com as mãos ansiosas na pedra que revestia a parede do belo museu, para penetrar através do contato na sua beleza e no seu encanto, transpirava uma paixão pela pele e acelerava as batidas do meu coração. Cada detalhe de sua arquitetura, cada estátua, cada janela, cada cornija, cada ângulo, cada coluna, era um traço vivo que se imprimia em minha memória. Buscava retratar aquele momento grandioso e único que seria para sempre irreversível.
            Entramos na livraria do museu e comprei um álbum de algumas das principais obras de arte, em língua italiana. Precisava treinar, já que estaria em alguns dias na Itália.
            Só conseguimos conhecer duas alas imensas de pintores: os clássicos do séc. XVI-XVIII e a ala da história da França.
            O retrato de Gioconda seria imperdível. Constatar de perto o sorriso enigmático que atravessa séculos, perscrutar os ruídos  e burburinhos dos visitantes diante do belo retrato atingido por  miríades de flashes de máquinas fotográficas que resplandeciam no infinito em movimentos relampejantes.
            O que me impressionou foi a pintura de David, acerca da coroação de Josephina por Napoleão Bonaparte e, a intrigante história que cerca a cena irreal da França: a mãe de Napoleão não estaria no camarote à esquerda e o Papa não havia abençoado a coroação, pois Josephina era separada e por isso adúltera.
            Fizemos uma fatigante caminhada para o pouco que víamos.
            Os prédios em pedra marfim, com suas janelas guarnecidas de venezianas brancas e jardineiras mostravam no alto do telhado em ardósia, as mansardas formosas e cheias de glamour.
            Estávamos fatigados, Izadora aborrecida, Rute de pernas cansadas e meus pés latejavam intensamente. No entanto, tudo era novo, interessante e gostoso.
            A panificadora na grande avenida à mostra surpreendia com seus pães em tom caramelo, maravilhosos, torrados e suculentos.
            Incrível quando via a hora no relógio: 21:45, estávamos em pleno entardecer. O céu crepuscular banhava a cidade por entre os prédios de cor marfim.
04/07/02

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