terça-feira, 19 de abril de 2011

A PAZ


Finalizando a Quaresma e iniciando a Semana Santa para nos introduzirmos na Páscoa, expressamos durante esta semana significativos sinais místicos contidos nos Evangelhos e que realçam, indubitavelmente, a nossa condição tão humana, na humanidade de Cristo.
No domingo de Ramos, humildemente adentrou a cidade de Jerusalém num jumento, o símbolo do despojamento e da carência, do sofrimento e do árduo trabalho, do sacrifício e da dor que reveste-se de grandiosidade porque remete-se ao esplendor da majestade divina que expressa a condição mais rudimentar da natureza humana, a virtude da humildade. Condição esta, cujo sentimento, é de facílima aceitação, mas de dificílimo entendimento e vivência para nós míseros humanos.
Na humildade encontramos a abertura serena e temperante de acolhimento do outro, propício a reconciliação, vivemos a compreensão sem mágoas e sem ressentimentos na busca incessante de escutar, encontrar e abraçar numa empatia incondicional propiciada apenas pelo espírito terno e despojado, mediante a Graça, cujo influxo se dá necessariamente pela fé no Sumo Bem.
Esta humildade, Jesus nos apresentou na sua entrada "triunfal" em Jerusalém para demonstrar que alí estava o Filho de Deus, o nobre da linhagem de Davi que entrar na cidade prometida pelo Deus da Abraão, Isac e Jacó, o Deus Emanuel, Aquele que está conosco. Entra em cortejo sob os brados de "Hosana ao Filho de Davi!". Ecos de ovação majestosa, porque superior às misérias humanas, porque sublime em louvor ao Deus da vida, porque tão simples num gesto de infinita misericórdia: "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância".
Esta humildade serena e temperante que nos propicia a abertura necessária para vivermos em consonância com os preceitos evangélicos, na transferência inevitável da normatização de nossa conduta enquanto vivência da Palavra Divina. Seguir estas Palavras, este é o maior de nossos desafios, porque decaídos pelo pecado original, somos demasiadamente bárbaros, mesquinhos, egoístas e maldosos, em qualquer esfera de nossa vida, seja pública ou privada. Somos vil e sinistros com nossos sentimentos e intenções. Tentar a superação dessas misérias, somente pela conversão interior, que é o apelo maior que o Cristo nos apresenta e nos convida, a fim, de assim, semearmos a Paz, a Concórdia e a Conciliação.
Nesta superação expressamos a superioridade de nossa vontade em vista do Bem Comum, que nos torna capazes de trilhar com retidão, com justiça e esperança na caridade que nos faz definitivamente filhos de Deus.
Ousamos neste tempo de Reflexão sobre as nossas vidas, as nossas atitudes e o nosso comportamento, nos questionar, a partir de um profundo exame de consciência, sobre as nossas misérias humanas para superarmos nossas dificuldades e nossas faltas com o firme propósito de estarmos solícitos ao apelo do Cristo no seu gesto humilde, cuja humildade buscamos incessantemente para alcançarmos a bem-aventurança da Paz: "A Paz esteja convosco!". Esta é a saudação predicada pela humildade que engrandece e dignifica todo homem. 

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