segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O PAPA E A CAMISINHA



Sem dúvida que nos interpela sobremaneira as declarações do sumo pontífice sobre o uso da camisinha. Há necessidade obviamente de se ler o livro para que se tenha uma avaliação mais apropriada das declarações. No entanto pela afirmação do teólogo Willian Portier, em quase nada alterou as declarações do santo padre.
Quanto ao uso do preservativo para evitar o HIV, foi taxativo em dizer que não seria o modo apropriado. De certo tem sua razão, mas seria um dos modos, pois não existe um único. Admitir que se abstenham de qualquer relação fora do casamento, muito embora, mesmo no casamento a relação tería que ser de absoluta fidelidade, teríamos assim um quadro perfeito, inexorável e ideal para evitar a proliferação ou o contagio do HIV, mas devemos ser realistas e não nos perdermos nas sinuosidades da doutrina perfeita e ideal. Afinal, o homem é fruto de uma decadência, o pecado original e, com este é que devemos nos ater. E por isso mesmo devemos realisticamente nos prevenir e evitar a proliferação e contágio do HIV. Se Deus na sua divina providência nos deu a lucidez emanada do Paráclito para ordenarmos as nossas ações de forma apropriada, cabe-nos portanto encaminhar soluções mais adequadas e reais para evitar o pior. Portanto, consideramos o uso da camisinha de necessidade extrema e de utilidade eficaz, segundo a concordância geral da comunidade científica em oposição as suas raríssimas exceções.
Quanto a prostituição, realmente não entendí como primeiro passo para a "moralização", o uso do preservativo, talvez seja o caso de ler o livro para um juízo mais apropriado. Posto que não consigo supor a moralização da prostituição pelo uso da camisinha. Mas está havendo uma controvérsia pelo uso do termo "prostituição" ou "prostituto", enfim vamos esperar para uma melhor avaliação.


Papa admite camisinha em "alguns" casos
Santa Sé surpreende ao divulgar trecho de livro ainda inédito no qual Bento 16 flexibiliza veto a preservativo

Em entrevista, pontífice diz que uso se justifica para prostitutas, porém reitera rejeição a adoção como método anti-HIV

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

O papa Bento 16 admitiu que, "em alguns casos singulares", o uso da camisinha "pode ser justificado", indicando uma possível mudança na postura da igreja sobre o assunto. Ele citou como exemplo o uso de preservativos na prostituição.
As declarações estão no livro "Luz do Mundo: O Papa, a Igreja e os Sinais do Tempo", que compila um mês de conversas do pontífice com o jornalista e escritor alemão Peter Seewald.
Extratos do volume, que será lançado na terça pela Livraria Editora Vaticana, foram antecipados ontem pelo jornal "Observatório Romano", do Vaticano.
Embora alguns líderes da igreja já tenham falado sobre o uso da camisinha em casos específicos, essa é a primeira vez que o papa menciona ele mesmo -e publicamente- essa possibilidade.
"Concentrar-se só sobre a camisinha quer dizer banalizar a sexualidade, e essa banalização representa a razão perigosa pela qual tantas pessoas não veem mais na sexualidade a expressão de seu amor, mas apenas uma espécie de droga."
"Pode haver casos individuais justificados, por exemplo quando uma prostituta utiliza um preservativo. Pode ser esse o primeiro passo em direção a uma moralização."
No livro, porém, Bento 16 também reafirma posicionamentos como o de que a camisinha não serve como pilar no combate à Aids.
"Mas não é esse o modo verdadeiro e próprio para vencer a epidemia do HIV", afirma.
Em 2009, o papa sofreu críticas de organizações internacionais, governos europeus e estudiosos ao afirmar, na África, que preservativos não só não solucionariam a questão como a agravariam.
"Se Bento 16 levantou a questão das exceções, ela precisa ser aceita. Mas a necessidade extrema precisa ser demonstrada."
Para William Portier, teólogo católico da Universidade de Dayton, em Ohio, os comentários não representam necessariamente uma mudança fundamental.
FSP 21/11/10
Colaborou ANASTASIA CAMPANERUT

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