segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A COMILANÇA PARLAMENTAR

A nova legião de sinecuras parlamentosos adentram gabolas na nova legislatura, afinal, nada mal  as benesses estratosféricas da dinheirama aviltada do meu, do seu, do nosso bolso. Deixamos de investir no social para dar de mamar aos mamutes de ocasião. Vejam o absurdo da gastança e da comilança do parlamento brasileiro, sem conferir os perdulários estaduais e municipais. Coloque tudo num só balaio e provavelmente você cai duro para trás.
Enquanto nos países mais avançados, servir ao povo é sinal de comedimento, aqui por estas plagas, é sinal de extravagância e empáfia dissoluta. Não é a toa que a competição por cargos políticos reverbera uma encarniçada luta de ringue populesco e medíocre, mediante embuste e ciladas, quando os temas importantes e necessários para a sociedade e o país são explicitamente desviados para se ficar com as picuinhas. Além da ópera bufa que somos obrigados a assistir enfesados nas rádios e canais televisivos, a custa do erário público, temos ainda que lidar com esse escândalo monetário.
Por isso que o parlamento no país de macunaíma, no patropí, é uma mina de ouro, uma farta tesouraria para apaniguados a custa do erário esfolado e sacrificado, para sustentar a curriola política. Não gostaria de crer, mas tenho que admitir, que somos os sérvulos da babaquice grotesca que aplaude cabisbaixo esse circo de sanguessugas, cujo congrassamento simboliza de forma exemplar a sedenta ganância politiquesta. No Congresso Nacional, à  direita a Câmara dos Deputados com a bacia para cima, estes, estão comendo o dinheiro da nação e, o Senado com a bacia para baixo, estes, já comeram o dinheiro da nação, dizem nos burburinhos de Brasília. Por isso como diz Ruy Castro, são gratos ao destino, e que destino.

RUY CASTRO

Grato ao destino

RIO DE JANEIRO - O deputado Tiririca (PR-SP) começa a aprender o que fazem as pessoas no emprego que ganhou de 1,5 milhão de seus fãs. Se se aplicar, logo terá dominado tanto a etiqueta do cargo (que obriga a dirigir-se aos colegas como Vossa Excelência e, ao se referir a eles para terceiros, mudar o tratamento para Sua Excelência) como sua liturgia, composta de emendas, dispositivos, quóruns, regimes de urgência, adiamentos e a diferença entre o valor de um voto contra ou a favor de um projeto.
Mais difícil será, para o deputado Tiririca, lidar com o dinheiro de que, de repente, passou a dispor na sua vida pessoal. Habituado à instabilidade de empregos em mafuás, circos e TVs, ele se vê agora com um salário de R$ 25.703,00 -15 vezes por ano, sem possibilidade de atraso ou beiço. E, para não se sentir desenturmado fora do plenário, poderá povoar seu gabinete com funcionários até R$ 60 mil por mês.
Deputados não gastam dinheiro com gasolina, aluguel de carros e passagens aéreas. Muito menos com telefone, telégrafo, internet, estafeta ou pombo-correio. Uma verba extra de cerca de R$ 30 mil mensais cuida dessas despesas.
Aluguel, nem pensar: se o deputado Tiririca não aceitar morar num apartamento funcional pelos dois ou três dias por semana que passar em Brasília, receberá R$ 3 mil por mês de auxílio-moradia.
Se quiser exercitar seus dotes recém-adquiridos de leitura e escrita, o deputado Tiririca terá direito à assinatura anual de cinco jornais e revistas e a utilizar os serviços gráficos da Câmara, podendo imprimir anualmente o equivalente a quatro mil exemplares de 50 páginas, não importa se de textos técnicos ou poéticos.
Enfim, com um salário tão generoso e benesses nunca sonhadas, quero crer que o deputado Tiririca, grato ao destino que o colocou ali, periga ser o político mais incorruptível da história de Brasília.

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