quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A ESQUERDA E O ETANOL



Escreví sobre O ETANOL em abril de 2009, comentando o artigo de Frei Beto. Confira!


Véio Hendrick do Xá Reza Parlevi (Augusto Henriques),

A extrema esquerda neste país é visionária, por isso esquizofrênica. Desunida e sem rumo, ruma em direção ao suicida Chávez que caminha velozmente para a demência ideológica e levará a Venezuela à estagnação cubana. Ver para crer! Com isso não estou descredenciando Frei Beto, até porque sua preocupação é pertinente embora seu arroubo chavista seja míope.
Certamente o etanol sofre as mais variadas críticas, o que é natural, principalmente num país completamente adverso como é o Brasil. Sem dúvida que devemos estar atentos para que a gula das multinacionais não devaste nossa economia. No entanto, há de se ter parâmetros entre aquilo que se supõe por imediatismo passional e aquilo que efetivamente está se realizando em vista da indústria do Etanol.
Ainda há pouco assistí uma entrevista da Miriam Leitão com os dois maiores industriais brasileiros do etanol acerca da questão ecológica e sustentável da plantação e produção do alcool, como também da legislação rigorosa a que esta atividade está submetida. Portanto, não vamos cair nesse alarido inconsequente típico da esquerda raivosa e vamos trabalhar sim para que o país possa se tornar próspero como está acontecendo. Vivemos obviamente o momento de transição que é sempre crítico, mas só assim sairemos desta pasmaceira geral. Daí a importância do PAC, daí a importância do Congresso se debruçar no encaminhamento desta questão e não se engalfinhar em CPI's inconsequentes, por ser inconsequentes nossos representantes que ficam no blá,blá,blá e nada fazem. Temos lição de sobra sobre este espetáculo circense. O que queremos é AÇÃO para mudar este país de vez: reformas política, trabalhista e tributária que dependem exclusivamente deste Congresso Nacional e, aprovação do PAC para a infra-estrutura que tanto precisa-se para escoamento e produção, educação de qualidade e excelente remuneração aos educadores; energia, habitação, transporte, saneamento e saúde. Para isso é necessário o Congresso Letárgico brasileiro sair de seus passos de cágado e legisferar celeremente, no entanto o que se vê é fofoquinha de beira de igarapé e nada de eficácia para a consecução do que está aí nas mãos dele. A Oposição neste país além de nervosa é travosa, não consegue dar um passo edificante e fica surda ante aos ecos que ressoam nas ruas por mais emprego e profissionalização. Por tudo isso, o Etanol será, ou melhor, está se constituindo no boom da economia nacional, obviamente de forma racionalizada e não bestial como alguns supõem.
O Brasil portanto não é apenas o país do carnaval, mas do trabalho, da pertinência, da determinação: "EU SOU BRASILEIRO E NÃO DESISTO".
Quanto as varáveis concorrentes que se entrechocam neste contexto etanoliano é natural, ou será que teríamos sempre um céu de brigadeiro? Que o diga o apagão que pretende apagar o Congresso com suas miríades de CPI's.


Do carnaval ao imenso canavial


   FREI BETTO
*Estamos de volta aos ciclos de monocultura que, nos livros didáticos de
minha infância, marcavam os períodos da história nacional*
O Brasil é o país do carnaval. Aqui não se vive sem os cinco efes: fé,
festa, feijão, farinha e futebol. Toda essa alegria está ameaçada de se
transformar numa grande tristeza nacional caso o governo federal não tome, o
quanto antes, severas medidas para impedir que o país se torne um imenso
canavial em mãos estrangeiras.


Estamos de volta aos ciclos de monocultura que, nos livros didáticos de
minha infância, marcavam os períodos da história nacional: pau-brasil;
cana-de-açúcar; ouro; borracha; café etc. Esta a razão da recente visita de
Bush ao Brasil, temos a matéria-prima e a tecnologia alternativas ao
petróleo, energia fóssil prestes a se esgotar. Hoje, 80% das reservas
petrolíferas se encontram no conflitivo Oriente Médio. Construir usinas
nucleares é dispendioso e arriscado, alvos potenciais de terroristas. A
solução mais segura, barata e ecologicamente correta é a cana-de-açúcar e os
óleos vegetais. Petróleo era um bom negócio quando o barril custava US$ 2.
Hoje não custa menos de US$ 50. E não dá duas safras. Cana e mandioca, além
de abastecer veículos e indústrias, dão quantas safras se plantar. Basta
dispor da terra adequada e disto que, ao contrário dos EUA, há nos trópicos
em abundância: água e sol.


De olho nessa fonte alternativa de energia, Bush veio ver para crer. O
etanol extraído de nossa cana tem a metade do custo do produzido pelo milho
made in USA; 1/3 do preço do etanol europeu obtido da beterraba; e é, hoje,
30% inferior ao preço da gasolina, além de não poluir a atmosfera nem se
esgotar.


Então o Brasil se tornará um país rico? Sim, se o governo agir com firmeza e
detiver a ganância das multinacionais. Bill Gates e sua Ethanol Pacific já
estão de olho nas terras de Goiás e do Mato Grosso. Japoneses, franceses,
holandeses e ingleses querem investir em usinas de álcool. Se o Planalto não
tomar a defesa da soberania nacional, o imenso canavial Brasil estará
produzindo combustível para os países industrializados que, na defesa de
seus interesses, cuidarão da segurança de seus negócios aqui, ou seja,
regressaremos ao estágio colonialista de República, não das Bananas, mas da
Cana. E as próximas gerações correrão o risco de experimentar na carne o que
hoje sofrem os iraquianos.



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