segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

MESQUINHARIA


Impressionante as relações que desenvolvemos com as pessoas. E aqui me refiro a pessoas de íntimo convívio. Amigos "leais", mas nem sempre. Há momentos que a mente turva o pensamento e o coração embota-se de paixão. É a barbarie ritornata no dizer de Vico, que também está entranhada em nosso corpo e se expressa em nosso espírito.
Quantas vezes não somos arrogantes, ressentidos e duros com o amigo, quando não deveríamos, por pura mesquinhez. Aquele sabor de vigança furibunda gerado por alguma desfeita, mesmo que esclarecida e franca. Quanta dificuldade o ser humano tem nos relacionamentos, porque não consegue entender minimamente as situações, perde o discernimento e reage com infantilismo desregrado, birra emocional e inconsequente e, que muitas vezes atinge quem não deveria, quem não participa desse relacionamento, no qual se abre gratuitamente uma ferida que dói porque esgarça sem compaixão e sangra como punhal nas costas.
A grandeza de alma é mais difícil, porque nos exige um esforço hercúleo para superar-nos para além das picuinhas cotidianas e transitórias e, para isso, é preciso muita centralidade de emoção e uma busca incessante de superação das dificuldades que nos assola sempre e permanentemente.
Mesmo na adversidade, o diálogo franco e aberto é sempre um convite decisivo para a paz, o apaziguamento, a concórdia, porque fruto e gerado pela misericórdia, que é pura doação, pura entrega ao outro numa aceitação incondicional. Esta atitude é dificílima, mas nos faz, sobretudo, humanos e necessariamente amigos. Porque a amizade pressupõe a franqueza, o respeito, o diálogo e o afeto. Nem sempre conseguimos percorrer este caminho, mas reconhecê-los nos faz certamente prosseguir e testemunhar este laço que não pode, nem deve se rasgar, sob pena de perder por completo a sua inconsútil ligação e, aí, os reparos possíveis, serão, apenas e tão somente, reparos.

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