segunda-feira, 15 de julho de 2013

O CARLISMO REVISITADO II

A Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) pretende-se, de acordo SCB[1] que “colocou sua vida a serviço do Evangelho, compreendeu os desígnios de Deus e encarnou a missão que Cristo o confiou, de organizar a Igreja firmada na Palavra e alicerçada no exemplo de Jesus e das primeiras comunidades cristãs”[2]
O cristianismo primitivo constituía-se de comunidades autônomas espalhadas pelo oriente médio e pela Europa, sua estrutura simples harmonizava-se com a vida despojada de seus membros, eram pobres e perseguidos em nome do Cristo, mas esta vocação salvífica que nos foi legada pelo próprio Cristo, da qual somos herdeiros legítimos, prescinde de uma necessária humildade que não nos permite presumir que somos os únicos herdeiros do reino. Todos, independentemente de credo são chamados à salvação, como bem enfatiza SCB:

“Embora voltando ao cristianismo do I séc., não somos daqueles que pensam, que este cristianismo é a salvação única da humanidade, tal qual atravessa esses dois mil anos”[3]

Demonstra, essa asserção carlista, que não devemos fazer acepção de pessoas e que todos, sem exclusão, devem ser acolhidos ao reino e, nos torna corresponsáveis enquanto cristãos, de intervirmos na sociedade em face da justiça e da paz, uma vez que o cristianismo nos interpela constantemente a assumirmos nossa vocação a que fomos destinados, em vista da denúncia corajosa contra todo tipo de injustiça e na proclamação constante da Palavra de Deus, que é a ferramenta que modela nossas atitudes ante a problemática que assola a humanidade, porque provinda de nossa natureza decaída e barbárica, sempre presente no coração do homem, pois só assim, vivendo com autenticidade a Palavra, seremos gratificados pelo Pai e abençoados em nossa missão.

“É erro supor não ser necessário a intervenção do cristianismo na luta desses múltiplos sociais. É erro porque o cristianismo precisa viver da plenitude da vida humana. Em todo instante de sua existência, o cristão deve aspirar, a uma perfeição semelhante a do Pai Celestial: deve desejar alcançar o reino de Deus”[4]

Daí a grande e inadiável responsabilidade da ICAB em sua missão evangelizadora, enquanto guardiã do múnus apostólico carlista, cuja missão deve considerar de forma determinante sua ética cristã e sua ação evangelizadora, indissociável das dimensões sociais e políticas, cujo caráter, adere na busca constante da justiça, da paz e da fraternidade entre todos, pois só assim seremos dignos das promessas de redenção a que fomos chamados.
Seguir com afinco e determinação as prerrogativas libertadoras do evangelho, tendo como máxima por princípio, a lei maior anunciada pelo Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, faz do carlismo, o revestimento identificador icabense.
Desse modo, imprimindo em nossa prática eclesial e pessoal, os signos da Palavra anunciada, abrimos a possibilidade de renovação e restauração da práxis messiânica que nos foi dada, a fim de que possamos ser, também, “sal da terra e luz do mundo”, sem subterfúgios, sem dissimulações, sem dissenções ou qualquer dificuldade que nos cause desunião entre irmãos. Nossa vocação messiânica carlista nos faz ser o que somos enquanto icabenses, para sermos realmente o testemunho e exemplo diante da sociedade, diante dos homens.

“A ICAB procura restaurar o verdadeiro messianismo de Cristo, que é verdade, luz e essência”[5]

Como nos mover nesse campo conjugado entre o místico e o prático, entre a crença e a prática, entre a atitude e a fé? Como filtrar pela inteligência essa cognição que nos permite compreender e assimilar esta contextualização e nos fazer participantes e ativos nessa realidade tão diversificada e por vezes antagônica? Como dirimir nossas dúvidas, nossos conflitos em vista de um discernimento que nos permita divisar o joio do trigo? SCB nos aponta um caminho, nos conduz a uma direção.

“O objetivo principal da crença é o ser, que é idealizado pelo entendimento, pela intuição e pela tradição”[6]

Ora, o ser, é o existente e, neste contexto, o homem, somos o objetivo principal, posto que a crença volta-se necessariamente ao ser, ao homem, pois por nós o próprio Cristo imolado numa cruz, nos redimiu; idealizado pelo entendimento que nos permite apreender as condições pelas quais agimos e sofremos no processo histórico que realizamos; as vicissitudes da vida nos permite estabelecer determinadas regras e normas que constituímos enquanto leis, esse ordenamento necessário e útil dado pela intuição, sem qualquer mediação do juízo em sua origem, forma-se pelo senso comum, cujo temor diante das adversidades naturais, elevou nosso olhar aos céus na proclamação de Deus. A providência divina guiou nossas motivações em vista do bem comum e a história mestra e conselheira cumulou-nos de sabedoria para criarmos os costumes, os hábitos, as cerimônias, os gestos, a tradição, fruto de nossa criação pela graça do Altíssimo, mas todas essa práticas motivadas pela crença tem como objetivo, o ser, isto é, o homem. Portanto, não poderia ser diferente, que toda a doutrina carlista e sua concepção estejam voltadas para a plenitude do homem, a sua felicidade, a sua necessidade, a sua paz e a justiça entre as partes que compõem sua existência.
No entanto, o processo histórico nos demonstra que o cristianismo em seus vários momentos desvirtuou-se de sua plataforma essencial a que foi destinado, a começar pela era de Constantino, depois a Idade Média com o poder temporal, a Idade Moderna com a perseguição ao avanço do conhecimento científico e na idade contemporânea com os escândalos morais e financeiros presentes em várias instituições religiosas. Retornar às origens e renovarmo-nos mediante a fé, é sem dúvida, uma tarefa ingente e penosa, é a via crucis a que estamos destinados, é a subida ao Gólgota a que fomos chamados.

“...do cristianismo que se desnaturalizou, pelo fato de ter se tornado a religião dominante, uma religião de estado...Esse é o cristianismo falsificando Cristo”[7]

Duras as palavras de SCB e certamente verdadeiríssimas, com destemida posição profética denuncia o estado a que a religião romana chegou e acrescentamos, as religiões cristãs, hodiernamente, muitas, transformaram-se em agências mercenárias da fé, oferecendo curas e manipulando a fé alheia numa prática de simonia que beira a estultice humana.
Somente a vivência e a prática da Palavra de Deus pode nos dar a direção correta, feita com parcimônia, estudo e investigação científica, para isso devemos ter uma formação consistente e balizada na constância dos estudos e das informações atualizadas, a teologia e a filosofia, são elementos cognoscentes imprescindíveis para a formação do clero icabense, o que nos falta sobremaneira para o reto exercício de nossa missão eclesial. Aquela deve ser impreterivelmente a nossa mestra e guia, pois a Palavra nos ensina, nos educa e nos promove.

“O nosso catecismo, isto é, a substância da ICAB, outra coisa não poderia ser, senão a de todas as religiões: ou seja, a revelação, em sentido científico, isto é, todo contato da alma humana com o pensamento íntimo que existe na criação e existe no tempo, porque a origem dela está no verbo, na própria pedra – o Cristo”[8]

É a Palavra,  portanto, que dá condições suficiente para definirmos nossa autonomia, enquanto igreja independente de Roma, com carisma próprio e peculiaridade intrínseca, cuja tradição remonta a era do cristianismo primitivo e expande-se no mundo e para o mundo, exercitando a cidadania e a prática social, comum a todos os indivíduos.

“Nos primeiros séculos do cristianismo, as Igrejas nacionais, viviam e desenvolviam-se com [9]autonomia completa, sem vassalagem do bispo de Roma”

Cabe, portanto, a partir desta autonomia, um retorno à origem evangélica na sua plenitude ancestral, uma Igreja sem pretensão ao fausto, à liturgia assoberbada e grandiosa em vista do performático teatrológico, mas na simplicidade das catacumbas, da ceia frugal e fraterna, que o próprio Cristo ensejou entre seus apóstolos, somente assim, poderemos demonstrar a simplicidade de nossa fé e a fortaleza de nossas convicções, despojados de qualquer artificialismo ostensivo e pieguices cerimoniosas.

“O fim, pois, superior da ICAB é estabelecer o Messianismo e a limpar das incrustações, a originária centelha divina”[10]

Eis aí, a sagrada missão da ICAB, anunciar este Messianismo de justiça e de paz, assumindo seu papel profético ante todas as artimanhas e barbáries que investem contra o homem, em especial, os mais pobres e indefesos. Esta opção preferencial pelos pobres, é a marca indelével que o carlismo nos legou e nos convoca insistentemente para assumi-la em nossa prática e ética evangelizadora e eclesial, sem titubear, confiando na graça divina e na ação do Paráclito em nossas vidas. A retidão de caráter e a bem condução de nossa moral, sem cair na rigidez das práticas artificiais, devem ser cultivadas com simplicidade, dinamismo e vivacidade.

“Separando-me da Igreja romana, a fim de restabelecer a Igreja de Cristo na sua pureza, corrigindo seus erros, procura centralizar a figura de Cristo, para que todos os cristãos, tenha seu modelo diante de Deus Pai”[11]
Este é o nosso caráter que nos dignifica e nos dá sentido existencial, é o nosso modelo que nos faz verdadeiramente cristãos católicos e icabenses, a que somos convocados insistentemente por nosso santo fundador, São Carlos do Brasil, a centralizar a figura do Cristo histórico, messiânico e essencial, para a nossa fé e a nossa eclesialidade na construção de um catolicismo nacional, profundamente enraizado na cultura e costumes do povo brasileiro, bem como dos povos de outras culturas, que lhes são peculiares de acordo com suas tradições e nacionalidades, visando, sobretudo, a superação daquilo que foi adicionado como supérfluo místico e doutrinário, seja na disciplina, seja nos dogmas, seja na liturgia. Assim teremos, uma práxis carlista delineada, definida e, mais do que isso, vivenciada.

Pe. Sergio Nunes, ICAB.




[1] São Carlos do Brasil
[2] Excerto do histórico do site da ICAB
[3] A Luta II, p. 30, 1946
[4] Ibdem IX, p. 4, 1949
[5] A Luta XXIII, p. 33, 1956
[6] Ibdem  XVII, p. 4, 1952
[7] A Luta  XXIII, p. 29, 1956
[8] Ibdem, XXIII, p. 47, 1956
[9] Manifesto à Nação, 1945
[10] A Luta, XXIII, p. 47, 1956
[11] Manifesto à Nação, 1945

sábado, 7 de abril de 2012


A PAIXÃO DE CRISTO REVELA-SE NA NOSSA PAIXÃO


”Era já mais ou menos a hora sexta quando houve treva sobre a terra inteira até a hora nona, tendo desaparecido o sol. O véu do santuário rasgou-se ao meio, e Jesus deu um grande grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isso expirou”. (Lc. 23, 44-46).

Jesus foi e continua sendo um sinal de contradição para os homens enquanto Filho de Deus, que veio para salvar a humanidade de sua condição de miséria, fruto da natureza decaída, e condição de controvérsia para as paixões humanas: o egoísmo, o poder, a violência, as drogas, o tráfico, os assassinatos, os assaltos, a falta de respeito, as discórdias, as mentiras, a hipocrisia e a corrupção política, são elementos de nossa barbárie regressada.
Essa contradição que nós vivemos no dia a dia em nosso país, em nosso estado, em nossa cidade, com as pessoas que convivemos e com as que desconhecemos, reflete a vida do Cristo que provocou inúmeros conflitos e oposições com as autoridades de seu povo, de tal maneira que só podemos compreender a sua morte quando relacionada ao seu contexto histórico, porque é na história que agimos e formamos a sociedade, é na história que os fatos ocorrem porque os fazemos.
Na sexta-feira Santa, os discípulos e todos os simpatizantes de Jesus ficaram desorientados, e sua morte demonstrou naquele momento que os agentes da religião oficial judaica teriam razão, porque acreditavam que Jesus os libertaria do jugo romano sobre a cidade de Jerusalém e todo o império judaico. Estavam convencidos que o cristo libertaria Israel (Lc, 24,21). Desse modo sua morte não seria o sinal de que ele seria o Messias esperado. Devido aos sinais que ele havia operado durante sua missão entre o povo – os milagres, os ensinamentos, a sua bondade e a sua autoridade - o seu trágico fim foi de uma frustração profunda.
Levando em consideração o fato de que Jesus suscitou efetivamente uma esperança messiânica, essa esperança somente é ultrapassada com a ressurreição definitiva do Cristo. Portanto, a morte de Cristo é um escândalo (1Cor. 1,23; Gl. 5,11) que deve ser explicado e ultrapassado, mas um escândalo necessário no contexto do desígnio salvífico divino. “Espíritos sem inteligência e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” (Lc. 24, 25-26).
Neste sentido, a igreja primitiva, compreendendo a recusa de Jesus diante de um messianismo político, sem negar a realidade e o significado de suas esperanças que hoje atualizam-se em nosso meio na busca constante de nossa conversão para assim podermos também como o Cristo superar a nossa condição de crucificado para buscarmos incessantemente a redenção que está no coração de cada um e, esta redenção revela-se em nossas atitudes e no nosso comportamento, porque assim de fato vivenciamos a Palavra do Cristo presente na Escritura Sagrada em vista de um mundo sempre melhor. Assim, através das aparentes incoerências e das rupturas brutais dos acontecimentos que ocorrem em nossas vidas, na nossa sociedade, estas, são passíveis de superação pela fé que assumimos e convencidos nos tornamos, porque o Deus da Nova Aliança conduz a história ao seu fim, que é a Ressurreição.
A partir daí, os primeiros cristãos, assim como nós hoje, relacionamos a Paixão e a Ressurreição de Jesus com o grande desígnio de Deus, para manifestarmos em nossas vidas o significado da sua história.
Mas como traduzir esse escândalo da morte do Cristo segundo o desígnio do Pai. A morte de Cristo depende única e exclusivamente do amor do Pai e do próprio Cristo. A imensa solidariedade de Deus e de Jesus para com os homens. Tudo gira em torno do amor. São João tenta mostrar que Jesus assume a sua vida e a entrega livremente como dom gratuito, para que os homens tenham a vida: “Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebí de meu Pai” (Jo. 10, 17-19). Esta solidariedade de Jesus vai até ao extremo: “Eu dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo 10,15 b). Aí está o sentido profundo da morte de Jesus. Ela é assumida livremente e ela é o ápice e a norma de toda solidariedade humana: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15,13). Esta norma de Jesus para com os homens, indica também a norma de nossa conduta: “Nisto conhecemos o amor, em que Cristo deu a sua vida por nós; e nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3,16).
Jesus não se deixou enquadrar por nenhum partido ou seita de sua época. Ele anunciou a mensagem do reino de Deus a todo o povo e não a pequenos grupos fechados como são os partidos políticos, mesmo que sua preferência estivesse voltada para os infortunados e marginalizados, os pobres e excluídos da sociedade, aqueles que mais necessitavam de libertação e, por isso, toma como modelo de salvação o pecador, o cobrador de impostos, a prostituta, o pobre, o enfermo, o estrangeiro e o pagão, ultrapassando assim todos os limites impostos pela sociedade de seu tempo e renunciando desta maneira ao ideal zelota de libertação de Israel que agia em função de uma libertação estritamente política. Esta maneira de agir e todo o seu comportamento, tal como os evangelhos nos retratam, nos indicam que Jesus era e é o portador da mensagem do Reino de Deus, universal e cósmico, pois para todos os homens foi proclamado. E mais do que sua mensagem, esta é sua maneira de agir, com autoridade e liberdade, que causou escândalo e que abriu os conflitos com as autoridades de seu tempo e que acabou conduzindo-o à morte.
 Pela morte de Jesus, Deus realiza a reconciliação com os homens e destrói a barreira que dividia os povos (Ef. 2, 13-16). Do ponto de vista religioso rompeu-se a barreira que dividia o povo escolhido- os hebreus - dos outros povos, porque em Cristo agora somos todos apenas um (Gl 3,28). A humanidade encontra a sua unidade diante de Deus. Assim os homens encontram na reconciliação o apelo à conversão, aceitando a mensagem do Cristo, reconcilia-se com Deus e necessariamente com os homens (2Cr 5,18-21/ Mt 5,24; 6,12; Lc 12,58). Neste sentido a morte de Jesus possibilita uma mudança radical no próprio relacionamento entre os homens, de tal modo que todos, ao menos em direito, tornam-se membros de uma mesma comunidade, constituída por todos aqueles que a morte de Cristo reconciliou com Deus (Ef 5,25-27). E como esta morte de Jesus é a mais alta expressão do amor de Deus para com os homens, que foi selada e aceita por sua gloriosa ressurreição, de tal modo que estar com Cristo é deixar-se conduzir pelo Espírito, para que possamos entrar em íntima comunhão de conhecimento e de amor com Deus.
A conversão como participação na morte e ressurreição de Jesus exige a transformação do próprio homem e também da realidade em que ele vive e participa, através do serviço e do amor, porque o Deus da revelação bíblica é conhecido através da justiça entre os homens.
Esta conversão requer portanto que nós sejamos agentes efetivos de mudança política e social, através do voto consciente nos representantes que de fato tenham um compromisso com a justiça, a honestidade e a integridade; requer o respeito mútuo nas diferenças de raça, sexo, condição social e econômica; requer todo apoio a luta das mulheres pela sua determinação e emancipação; requer a denúncia de toda e qualquer opressão que subjugue o ser humano; requer sobretudo cristãos autênticos que sejam baluartes proféticos para Anunciar através da sua conduta a Palavra de Deus e Denunciar através de suas ações a injustiça que grassa em nosso meio.
A luta de Jesus em favor da justiça e da libertação do homem esclarece muito bem o seu afrontamento com os dirigentes do povo: vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidentes, juízes, delegados etc..., bem como o próprio povo na busca de sua conversão e com a tradição cultural que oprime e reprime. Parte-se deste confronto em que Jesus manifesta o verdadeiro sentido da libertação que Ele veio anunciar a todos os homens de Boa Vontade.
Assim, pois, carreguemos a nossa cruz no calvário de nossa existência, pois muitas vezes somos entregues ao arbítrio dos furiosos que insultam nossa dignidade, açoitam nossa honestidade, cujo malefício transforma-se na pesada cruz que os ímpios e os infiéis nos infligem gratuitamente, seja por inveja, por ressaibos, por soberba, por vaidade, por antipatias gratuitas e muitas vezes inconsciente, pois nos diz o Senhor: “Aquele que não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim”.
Portanto, a glória de Jesus só é corretamente entendida, quando é entendida como glória do crucificado. A nossa glória enquanto convertidos no Cristo e N’ele absorvido só é possível na vivência e superação das nossas provações do dia a dia, por isso a Paixão de Cristo revela-se na nossa Paixão.
Como bem disse São Carlos do Brasil: “Não crucifiquemos novamente o Cristo no lenho do orgulho, do ódio e da intolerância. Pratiquemos de coração, o seu doce preceito: “Amai-vos uns aos outros”. Respeitemos a dignidade da pessoa humana no seu mais sagrado e inviolável direito: o da liberdade de consciência”. (Luta nº 25, 01/1958, p.37).

Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!

Pe. Sergio Nunes, ICAB

Por ocasião do sermão da hora da Agonia na Sexta-feira Santa na Comunidade de Sto. Expedito no Mangueirão em Belém do Pará.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O CARLISMO REVISITADO Lição I


O CARLISMO REVISITADO

Lição I
nossas armas são: o sacrifício, baseado no IDEAL. As armas inimigas são: Metralhadoras, bombas atômicas e etc. Nós estamos certos da Vitória, o inimigo, certo da derrota. A luta parece desigual, mas não é. A nossa constância, a nossa perseverança, a nossa fome constituem o baluarte da nossa fortaleza, que é a Pátria querida. Passado nove anos está a ICAB conhecida em todo o território nacional. Nestes nove anos fracassaram bispos e sacerdotes, que julgavam que a ICAB, consistia somente na celebração de missas e administração de sacramentos em português. Enganaram-se. A ICAB pôs por terra todos os dogmas, todos os concílios. Restabeleceu a veracidade do culto e do rito, deixando de enganar o povo. Sua base é a ciência e não dogmas". Carlos Duarte Costa, bispo do RJ, 1954. Revista “A LUTA”"Episcopado romano, o Clero, em geral; de outro lado estão os entreguistas, aqueles que estão sendo comprados pelo dólar Americano. Está a luta aberta. Conosco está o povo em geral. do outro lado, o Capitalismo religioso e não religioso. As... nossas armas são: o sacrifício, baseado no IDEAL. As armas inimigas são: Metralhadoras, bombas atômicas e etc. Nós estamos certos da Vitória, o inimigo, certo da derrota. A luta parece desigual, mas não é. A nossa constância, a nossa perseverança, a nossa fome constituem o baluarte da nossa fortaleza, que é a Pátria querida. Passado nove anos está a ICAB conhecida em todo o território nacional. Nestes nove anos fracassaram bispos e sacerdotes, que julgavam que a ICAB, consistia somente na celebração de missas e administração de sacramentos em português. Enganaram-se. A ICAB pôs por terra todos os dogmas, todos os concílios. Restabeleceu a veracidade do culto e do rito, deixando de enganar o povo. Sua base é a ciência e não dogmas". Carlos Duarte Costa, bispo do RJ, 1954. Revista “A LUTA”."Episcopado romano, o Clero, em geral; de outro lado estão os entreguistas, aqueles que estão sendo comprados pelo dólar Americano. Está a luta aberta. Conosco está o povo em geral. do outro lado, o Capitalismo religioso e não religioso. As... nossas armas são: o sacrifício, baseado no IDEAL. As armas inimigas são: Metralhadoras, bombas atômicas e etc. Nós estamos certos da Vitória, o inimigo, certo da derrota. A luta parece desigual, mas não é. A nossa constância, a nossa perseverança, a nossa fome constituem o baluarte da nossa fortaleza, que é a Pátria querida. Passado nove anos está a ICAB conhecida em todo o território nacional. Nestes nove anos fracassaram bispos e sacerdotes, que julgavam que a ICAB, consistia somente na celebração de missas e administração de sacramentos em português. Enganaram-se. A ICAB pôs por terra todos os dogmas, todos os concílios. Restabeleceu a veracidade do culto e do rito, deixando de enganar o povo. Sua base é a ciência e não dogmas". Carlos Duarte Costa, bispo do RJ, 1954. Revista “A LUTA”
nossas armas são: o sacrifício, baseado no IDEAL. As armas inimigas são: Metralhadoras, bombas atômicas e etc. Nós estamos certos da Vitória, o inimigo, certo da derrota. A luta parece desigual, mas não é. A nossa constância, a nossa perseverança, a nossa fome constituem o baluarte da nossa fortaleza, que é a Pátria querida. Passado nove anos está a ICAB conhecida em todo o território nacional. Nestes nove anos fracassaram bispos e sacerdotes, que julgavam que a ICAB, consistia somente na celebração de missas e administração de sacramentos em português. Enganaram-se. A ICAB pôs por terra todos os dogmas, todos os concílios. Restabeleceu a veracidade do culto e do rito, deixando de enganar o povo. Sua base é a ciência e não dogmas". Carlos Duarte Costa, bispo do RJ, 1954. Revista “A LUTA”nossas armas são: o sacrifício, baseado no IDEAL. As armas inimigas são: Metralhadoras, bombas atômicas e etc. Nós estamos certos da Vitória, o inimigo, certo da derrota. A luta parece desigual, mas não é. A nossa constância, a nossa perseverança, a nossa fome constituem o baluarte da nossa fortaleza, que é a Pátria querida. Passado nove anos está a ICAB conhecida em todo o território nacional. Nestes nove anos fracassaram bispos e sacerdotes, que julgavam que a ICAB, consistia somente na celebração de missas e administração de sacramentos em português. Enganaram-se. A ICAB pôs por terra todos os dogmas, todos os concílios. Restabeleceu a veracidade do culto e do rito, deixando de enganar o povo. Sua base é a ciência e não dogmas". Carlos Duarte Costa, bispo do RJ, 1954. Revista “A LUTA”
"Episcopado romano, o Clero, em geral; de outro lado estão os entreguistas, aqueles que estão sendo comprados pelo dólar Americano. Está a luta aberta. Conosco está o povo em geral. do outro lado, o Capitalismo religioso e não religioso. As nossas armas são: o sacrifícoo, baseado no IDEAL. As armas inimigas são: Metralhadoras, bombas atômicas e etc. Nós estamos certos da vitória, o inimigo certo da derrota. A luta parece desigual, mas não é. A nossa constância, a nossa perseverança, a nossa fome constituem, o baluarte da nossa fortaleza que é a pátria querida nossas armas são: o sacrifício, baseado no IDEAL. As armas inimigas são: Metralhadoras, bombas atômicas e etc. Nós estamos certos da Vitória, o inimigo, certo da derrota. A luta parece desigual, mas não é. A nossa constância, a nossa perseverança, a nossa fome constituem o baluarte da nossa fortaleza, que é a Pátria querida. Passado nove anos está a ICAB conhecida em todo o território nacional. Nestes nove anos fracassaram bispos e sacerdotes, que julgavam que a ICAB, consistia somente na celebração de missas e administração de sacramentos em português. Enganaram-se. A ICAB pôs por terra todos os dogmas, todos os concílios. Restabeleceu a veracidade do culto e do rito, deixando de enganar o povo. Sua base é a ciência e não dogmas". Carlos Duarte Costa, bispo do RJ, 1954. Re. Passado nove anos.............. ........,

Fase de transição mundial, crise global e ideológica na repartição geopolítica das potências hegemônicas e militares, de um lado o capitalismo sob o domínio norte americano e de outro o domínio sino-russo entre China e URRS, começo da guerra fria. O ocidente sob o imperativo do cristianismo aberto e democrátrico e, o Oriente sob o domínio do ateísmo de estado; duas visões diametralmente opostas, uma sob a marca do capital financeiro explorador e propulsor da mais-valia, concentrador dos meios de produção e o outro de economia estatal com a ditadura do proletariado sob a visão do marxismo-leninismo no qual, a distribuição de renda e riqueza seria baseada na igualdade de classes; o socialismo preconizado e implando a ferro e fogo com a derrocada do ksarismo na Rússia e o império na China. Este é o quadro da geopolítica internacional.
O Brasil sob o regime de Vargas remanescente do nazi-facismo, agora , governado por Café Filho que participou do grupo varguista e, a derrocada de Hitler e Mussolini, caminha como aliado dos EUA, isso pelos idos de 1954; UDN, pressão salarial, aprovação de 100% de aumento para o salário mínimo etc..., são fatores determinantes para a queda de Vargas.
O Brasil aliado dos EUA e a ele submetido fornece condições para a denúncia profética de Dom Carlos Duarte Costa entre o ‘capitalismo religioso e não religioso’ e o povo brasileiro, neste texto ainda não temos nenhuma referência explícita ao socialismo soviético, mas o “povo” como referência de sua luta. Talvez por prudência em vista do regime varguista que definhava e a expansão norte-americana cada vez mais presente.
A “luta que parece desigual” e a certeza de quem acredita e convencido está da providência divina, pois as suas armas são virtuais, no sentido estrito de virtude:”constância, perseverança e fome, como baluarte de fortaleza”. O homem escolado nas lutas e adversidades, ladino na defeza de suas ideias e íntegro nas suas intenções, de cuja praticidade emerge o baluarte de sua persistência, a ICAB e a sua expansão, demonstra a altivez, a determinação, e a certeza de seus propósitos políticos e eclesiais.
Político, porque bem demonstra o propósito de seu movimento, que não se diminui, nem se apequena, porque não condiz apenas como mais uma instituição cuja função seja sacramentalista, não, a ICAB não se reduz a isso, nem disso separa-se, mas acima de tudo ou, sobretudo, é um bastião que “pôs por terra todos os dogmas, todos os concílios”, é o grito de libertação político-ideológico sobre Roma, porque entreguista e conivente com a ação destruidora da guerra e da exploração, da doutrina absolutista da infabilidade, do controle auricular dos confissionários e da nefanda obrigatoriedade celibatária.
Conjugando esses dois fatores: eclesialidade e política, a ICAB surge como pioneira e precursora da “teologia da libertação” em 1945, ano de sua organização com a marca do nacionalismo.
Ficam-nos, as lições que São Carlos nos legou e que resgatamos para a informação e assunção de seu pensamento entre nós, como icabenses e filhos do carlismo, atributos indissociáveis na missão que ora se impõe na sociedade contemporânea, pela atualíssima lição que emana de seus escritos.
Pe. Sergio Nunes, ICAB.

terça-feira, 25 de outubro de 2011


A catequese, como meio de instrução para a fé e a cidadania, requer um bom planejamento cujo cronograma contemple objetivamente os passos e as metas que devem ser encaminhados para uma boa formação, cujo resultado seja eficaz. Para isso um programa acadêmico é imprescindível. Pretendemos formar catequistas que de fato assumam na vida sua condição enquanto tal. Que se manifeste nas suas atitudes e no seu comportamento o caráter formador, sem o qual, não teremos agentes comprometidos e perseverantes.
Na catequese a fé se amadurece por conta de novos valores cognoscentes que são imformações básicas que vão sedimentar o subjetivismo de cada um, criar raízes e consolidar a personalidade religiosa. Este processo se prolonga por toda a vida e por isso necessita de retroalimentação permanente para a renovação e a motivação úteis a vida de compromisso eclesial, portanto uma conversão contínua de nossa mentalidade em vias de nossa total adesão aos preceitos evangélicos que não pode ser artificial, mas fundamentado e justificado em nossas vidas. Convertendo-nos a nós mesmos teremos a capacidade de converter o outro pela instrução, pela formação e pelo ensino. Assim, o papel da catequese é educar o cristão para que entenda com mais profundidade, isto é, com base teórica e metodológica  mediante a fé, para assumir com determinação a sua função na sociedade, em especial na sua comunidade.
Dese modo podemos dizer que a catequese seria a continuação do ensino e da ação de Jesus, enquanto proposta de vida, pois é um convite que se faz compromisso com Deus e consequentemente com os irmãos, pois o maior compromisso do cristão e, em especial do catequista é anunciar a Boa Nova através do ensino e do testemunho, portanto precisamos estar sempre e continuamente nos empenhando nas lições e nos conteúdos pertinenetes para nossa formação contínua, pois a catequese não se esgota na sala de aula, mas muito além se desdobra na vida pessoal e comunitária de cada um: seja na família, na vizinhança, no trabalho, na rua, nos encontros, nas lutas, enfim em toda e qualquer manifestação social e política.
A catequese portanto é um ministério, porque é serviço e mais, serviço voluntário e despojado, muitas vezes com o sacrifício do próprio catequista que o faz por amor, por dedicação, por vocação, sendo portadores do Reino em vista da justiça, da fraternidade e da paz, porque são chamados por Deus para esta nobre missão, exercendo a 'diaconia da fé', como bem diz São Paulo: "Como poderão invocar aquele no qual não acreditaram? E como poderão ouvir, se não houver quem não anuncie? Como poderão anunciar se ninguém foi enviado?" (Rm 10,14-15).
O compromisso e o testemunho de vida são as expressões mais profundas da aceitação e adesão do catequista ao chamado de Deus, pois os sinais de mudança que se operam na comunidade são as provas cabais da ação do Paráclito sobre a vida desta e de nossas vidas e, para isso, o catequista deve estar atento aos sinais dos tempos, para que possa reconhcê-los e colocar-se despojadamente aos interesses divinos que o Evangelho nos comunica. A partilha da fé entre e inter-eclesial confirma a nossa adesão pastoral, consolida a nossa fé e nos impulsiona para determinados, seguirmos avante em nossa missão. O grupo catequético é essencialmente partilha, pois alimenta-se deste convívio fraterno entre si na troca permanente de experiências e amizade no Cristo, referência unificadora e integradora.
Na comunidade o catequista é referência de prestígio e atrai sobre si confiança e esperança, por ser portador da Mensagem Evangélica, é também líder que anuncia a Esperança e denuncia as injustiças. A ação social do catequista é imprescindivelmente política, pois está atento às necessidades da comunidade e contribui como cidadão para a solução e encaminhamentos das pendências do seu bairro, da sua passagem, da sua rua, da sua cidade. A linha de separação entre a postura profética do catequista e a sua militância política é tênue, quase imperceptível, para isso cabe ao catequista estar vigilante para não confundir o testemunho evangélico com ações partidárias.
Enquanto o Evangelho é sinal de congregação entre irmãos, o partido é sinal de divisão, daí o grande desafio de discernir com propriedade estas duas esferas da vida social.
Ao catequista lhe é dada a tarefa de ensinar para educar na fé, mas este ensino só pode frutificar mediante o testemunho que requer envolvimento na vida comunitária, daí caberá ao catequista apoiar todos os movimentos populares de justiça e bem-comum e recusar tudo aquilo que for fruto da trama sorrateira e da dissolubilidade com a coisa pública. Nas campanhas eletivas, quando os ânimos estão acirrados caberá ao catequista a parcimônia, a temperança e a serenidade, porque em todos os partidos encontramos cristãos dignos e generosos; caberá defender o que estiver de acordo com os preceitos evangélicos no âmbito da justiça e da paz.
Ser catequista é portanto um grande desafio, porque ser cristão não é definitivamente fácil, requer a fé intensificada pela vontade e o testemunho como sinal evidente dessa fé entre os irmãos, na sociedade e nas relações humanas.
Pe. Sergio Nunes, ICAB


terça-feira, 6 de setembro de 2011

A PAZ



Shalôm é uma palavra hebraica, cujo sentido nos remete ao sentido do vocábulo “paz”, pax ou “єірդνη”. Sua raiz etimológica provém da raiz sumérica silim e da raiz acádica shalamu, que diz “estar são, incólume”. Essa expressão realiza em nós o sentimento de tranquilidade, de bem estar, do que está sadio, saudável e, a uma sociedade, o que está em ordem, vivendo em felicidade, porque impregnada da benção de Deus. Deste modo o povo de Deus ansiava sempre pela paz como nos demonstra a sagrada escritura e tal como hoje, embora os contextos se diferenciem, o sentimento é o mesmo, ainda mais vasto e complexo, pois a vida contemporânea exige mais disposição, demanda mais tempo para os afazeres e nos proporciona mais estresse. Por isso, mais que nunca, somos sedentos de paz para mantermos a harmonia, o equilíbrio e, sobretudo a temperança ante situações tão adversas e difíceis que vivemos no dia a dia. Nestas circunstâncias a paz é um sentimento virtuoso de difícil vivência, pela própria condição que a vida moderna nos impõe, como podemos observar em casa, muitas vezes pode nos faltar a harmonia por diversos motivos; no trânsito, nas porfias, na falta de educação, nos congestionamentos, nos ônibus superlotados, nos metrôs apressados e nas correrias cotidianas; na escola, com os excessos de trabalhos e informações; nas igrejas, por desavenças fortuitas e falta de caridade; nas instituições pela falta de transparência e justiça, enfim pelas vicissitudes que nos cercam diariamente como motivos de superação de nossos limites e fraquezas, quando percebemos a nossa impotência e a nossa fragilidade diante do mundo, quando então, clamamos ao Senhor Pai das misericórdias, como último recurso ante o desamparo que subtrai nossa esperança e nossa temperança. Por muito pouco perdemos a paz, por muito pouco ela desonera-se e, juntamente com ela a justiça, a paciência, a tranquilidade, a temperança. O quanto é difícil viver em paz, pois requer compor com a alteridade, requer equilíbrio com o adverso, requer serenidade com o controverso e, isso não é fácil, principalmente quando temos a tradição cartesiana como referência de juízo, entre aquilo que é verdadeiro e aquilo que é falso. Como poderíamos conquistar esta paz tão desejada? Senão mediante a Graça divina que na sua providência nos propicia dar ordem às coisas, para que assim tenhamos funcionalidade e capacidade de diálogo e superação de desavenças conflitos e contradições.
Para isso Deus nos dispôs mediante seu Paráclito, para que sob seu influxo sobre todos os homens independentemente de credo ou religião, pudéssemos nos relacionar equitativamente e equilibradamente. Manter este ponto é a mais difícil tarefa, o mais ingente esforço. Como alcançar então a Paz? Mediante a Graça, não exatamente a fé, pois assim, o ateu não disporia da paz para manter a temperança, ou o pagão para manter o equilíbrio existencial. A diferença está no privilégio daqueles que souberam atender ao chamado divino através de sua Palavra Sagrada como testemunho, sinal visível da misericórdia e da mansidão de Deus em nós.
Assim a paz estabelecida pelo Cristo se organiza na vida (Rom 8,6; Pdr 3,14), pois proporciona a sanidade espiritual e corporal, pois a paz em Cristo é a nossa paz em pessoa, a paz que nos eleva até Deus e nos consola, e dos homens entre si que nos unifica mediante a ação do Espírito Santo (Ef 2,18; Lc 19,38; At 10,36).
Vivenciar a paz é o nosso grande desafio e sem dúvida nossa maior conquista, porque assim conquistamos a Deus no desafio premente de viver continuamente a paz e desafiamos a divisão para vivermos em unidade.
Pe. Sergio Nunes, ICAB





quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A ORAÇÃO


A Oração provém do latim oratio, orationis, quer dizer, súplica, reza, discurso. A súplica nos deixa humilíssimos e indefesos, despojados de qualquer malícia, a reza nos torna íntimos e confidentes através das palavras expressas ou meditadas, desse modo somos levados pelo Paráclito a esta abertura com Deus, momento de intensa aproximação, confissão e petições na transcendência espiritual que invade o tempo que se eterniza e o espaço que se esvai na dimensão que a fé proporciona.
A Oração é uma tradição antiquíssima, desde as eras primigênias. A religião foi a primeira instituição humana, os homens ofertavam aos deuses, primícias e sacrifícios como oferta ou proteção. Até hoje, mantemos esta dimensão espiritual que nos conduz ao mistério divino.
Na tradição do cristianismo, a sagrada Escritura é fertilíssima nos episódios neo-testamentários, nos quais o Cristo nos ensinou e testemunhou o ato indivisível da Oração na nossa vida pessoal e eclesial. Inúmeras vezes, disse Ele: orai, rogai, pedí em meu nome, insistindo sempre na prática da oração que deve ser humilde, penitente e vigilante, a fim de que possamos perseverar confiantes na bondade do Pai. Do mesmo modo, os apóstolos em suas cartas nos transmitiram este zêlo e cultivo pela Oração com assiduidade e insistência enquanto função santificadora, regeneradora e transformadora para si e para todos.
O que somos e o que temos, nos é dado pela ação da providência mediante as faculdades que nos assistem e nos proporcionam de agir, tentar, conquistar e assumir o que somos e o que fazemos. Essa transcendência e aproximação com o Criador fortalece mediante a Oração o nosso espírito, as nossas determinações e os nossos objetivos.
O Cristo Jesus vincula-se naturalmente na dimensão oracionante, pois por meio D'Ele nos tornamos herdeiros do Reino, assim incorporando em si toda a humanidade, alcançamos a salvação, que não é palavra vaga e desprovida de sentido, mas o alcance definitivo legado pela irmã morte que nos alcança inexorável e nos superdimensiona para além da esfera terrena, aonde a plenitude oraciante se manifesta totalizante.
Podemos assim estreitar nossa relação com o divino, pois participamos da sua Graça pela ação do Espírito Santo na mímese transcendente que nos confere ser parte de sua dimensão espiritual. Neste sentido, pessoal e comunitário realizamos a composição místico-corporal do Cristo, sendo um só em Deus. "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles" (Mt, 18,20).
A unidade da Oração, portanto, tem seu fundamento e extensão nesta participação do Unigênito para com o Pai e do Pai para conosco mediante a ação do Paráclito, que é partícipe do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho formam um Só. Este mesmo "Espírito vem em socorro a nossa fraqueza" e "intercede em nosso favor com gemidos inefáveis" (Rom 8,26) e com o Espírito do Filho, Ele infunde em nós "o espírito de adoção filial, no qual clamamos Abba, Pai" (Rom 8,15). Esta filiação nos enlaça inexoravelmente na plena intimidade com Deus e proporciona o louvor como cântico de adoração, gratidão e oferta que elevamos ao pronunciar contritos e fervorosos, "Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome...".
Ao nos renovarmos e fortalecermos pela Oração, nos tornamos firmes e perseverantes em nossa fé e vivificantes no testemunho da Palavra de Deus, para anunciar com alegria e prazer a bem-aventurança da qual somos devedores e partícipes, pois ao Pai pertencemos e a Ele retornaremos.

Pe. Sergio Nunes, ICAB

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

SER CRISTÃO


Mais que nunca, estamos debatendo continuamente através das mídias, das redes sociais, dos blogs, das instituições, das escolas e das conversas informais, a mudança do homem, mormente do brasileiro, da sociedade brasileira, da cultura brasileira.
Como mudar este homem? Como alterar seu paradigma ético, sem que seja subtraída sua liberdade de escolha? Como mudar este homem para que se torne verdadeiramente um homem novo?
A mensagem de Jesus Cristo tem esse alvo, a convivência social e familiar está coligada inexoravelmente, pois ela fala exatamente sobre esse homem inserido na sua atividade social e pessoal, pois requer a assimilação da Mensagem Evangélica como pressuposto da ação ética no meio social.
Precisamos considerar que a Mensagem Evangélica nos apresenta um Cristo destemido, radical, contestador e revolucionário. Entretanto sua Mensagem não denota um Cristo político partidário, mas um Cristo cuja mensagem é política, porque visa a mudança de estruturas, de hábitos, de comportamento, portanto uma mudança na eticidade de toda pessoa humana. A Mensagem que Ele nos apresenta é o anúncio do Reino de Deus, que a tudo transmuda. Livre de todo o mal e na busca incessante do bem comum. Portanto, não pode ser um programa de ação estritamente político-partidário, mas de efetiva transformação cultural, de valores éticos e de consciência crítica.
Ao questionar o sistema político-religioso de sua época, o Cristo voltava-se para o homem, e neste sentido sua Mensagem tem uma dimensão política que visa sobretudo a mudança radical de todo homem e do homem todo. Desse modo as implicações políticas de sua Mensagem são radicalmente transformadoras, porque subtrai o velho homem por meio de uma nova forma de ver o mundo, uma nova cosmovisão que tem como base o Reino, que nada mais é que superação contínua de nossas dificuldades e misérias em vista do Bem, do respeito, da dignidade, da caridade e da justiça.
A denúncia das situações opressivas, seja na família quanto na sociedade, é a condição da vocação profética inerente ao caráter cristão. Somos cristãos de fato quando nos incomodamos com as injustiças, com a indignidade, com o desrespeito entre pessoas e com a falta de caridade que exclui, separa e discrimina.
Por isso, a práxis cristã não se reduz à esfera apolítica, privada ou eclesial. Mas muito mais que isso abrange o mundo e a sociedade, as relações de trabalho e interação social, as relações familiares e pessoais. Assim, portanto, a vivência cristã não está isenta de conflitos, pois revela e emerge de contextos diversos e controversos na busca de apaziguamentos e equacionamentos contraditórios, porque visa, sobretudo, o Bem comum.
As conseqüências desta assunção cristã, de sua prática autêntica, fruto da convicção que a fé nos consolida e permite realizar, é a capacidade de responsabilizar-nos pela mudança que se faz premente na sociedade. É a capacidade de ler os sinais que se expressam nas ações humanas e exigem mudanças. É a capacidade de nos indignar diante das injustiças.
No Brasil de hoje, clamamos por honestidade e transparência na coisa pública. Chegamos ao fundo do poço nesse caldeirão de dissolubilidade, emergimos de uma barbárie do individualismo e egoísmo exacerbado, aonde abunda a desmesura da ganância e do furto alheio sobre os bens públicos por todos produzidos.
Não podemos simplesmente clamar por justiça, paz e honestidade na coisa pública, se não tivermos o endosso da prática cristã que nos permite agir corretamente em função do outro através do anúncio e da denúncia que nos foi confiada pelo próprio Cristo.
Ser cristão define nossa prática como autêntico testemunho de fé que nos foi dado pelo Cristo e que vivenciamos na ação benéfica do Paráclito que nos move para o testemunho de sua Palavra, na vivificação de sua Mensagem como sinal visível do prenúncio do seu Reino entre nós. Cabe, portanto, aos cristãos de todos os matizes, de todos os ritos e de todas as igrejas, o compromisso de mudança radical em si mesmo para alcançar o outro como elemento de interrelação subjetiva e assim chegar às instituições eclesiais e civis.
Ser cristão é anunciar a liberdade que alcançamos movidos pela fé em Jesus Cristo através da prática de sua doutrina. É dispor da caridade visando o bem do outro para transformar as normas e práticas viciosas em virtude libertadora.
Pe. Sergio Nunes, ICAB

quarta-feira, 13 de julho de 2011

WOOD ALLEN, O ENGENHOSO

MEIA NOITE EM PARIS

Estupefato, esta sensação me trouxe o reconhecimento a Wood Allen no seu novíssimo filme "
Meia noite em Paris". Belíssimo, muito bem acabado, filmografia requintada em tons pastéis e luz de ambar soletrando as pontes milenares molhadas pela chuva. Cena imperdível, como imperdível o retorno ao tempo, uma catarse fantástica que atiça o engenho e compõe-se em metáforas históricas que o passado regressado comporta.
Wood Allen, revela-se certamente um cineasta, superando a fase discursiva-psicanalítica dos diálogos chatos intermináveis. Supera-se ao fazer para criar mediante a Imaginação fantástica e a paixão intensa. "Meia noite em Paris" revela o ato criador, para além da razão, descambando por inteiro na robusta paixão da Imaginação, retirando de forma difuza, numa ida e vinda constante, espiralarmente intensa, porque integrante de um passado que retorna ao presente e se projeta no futuro. O sonho confunde-se com a realidade e dispensa a objetividade num profundo mergulho inteiramente transosmótico. O escritor, sua escrita, os personagens que assumem os sentimentos, as atitudes e a reviravolta de valores condensados, agora estilhaçados por sombras, matizes e perplexidades, num só feixe que se espalha entre a realidade, o sonho e a vida, num movimento espiralantemente concentrado numa difuzão, cuja vivacidade entranha-se na emoção e no sentimento do personagem.
A contextualização do texto funde-se com a vida e soletra nos sentimentos as emoções de amor, relação e delírio que o escritor enquanto autor vive intensamente entre a escrita e a vida. Revisita Henminguey, Emmile Zola, Salvador Dalli, Faukner, Buñuel e tantos outros personagens que o fazem reinventar-se no enredo e expor na simetria das letras a pulsão constante de sua criatura nas entranhas mesma de seu criador. A vida confunde-se com a arte, a arte faz da vida a superação, os desencontros e os reeencontros entre remotos tempos que se dilaceram e se iluminam entre a clareza sensível da mente original e a criação fantástica. Wood Allen soube muito bem apreender esta superação. Não mais o protagonista dos rosários intermináveis e cansativos, mas o cineasta perfeito e completo que soube genialmente fazer do imaginário a matéria substancial da criação e de lado, deixou as ordenações discursivas e artificiais que adessam, mas não condensam, que profusam, mas não revelam, que intelectualizam, mas não originalizam.
Realidade e fantasia se encontram extraordinariamente, ou como diria meu saudoso mestre Benedito Nunes: "a realidade é tão fantástica, quanto a fantasia é real". 

sábado, 25 de junho de 2011

Folha de S.Paulo - Raciocínio evoluiu por causa de discussões - 25/06/2011


Folha de S.Paulo - Raciocínio evoluiu por causa de discussões - 25/06/2011

Nem a bonbordo, muito menos a estibordo. Nem o racionalismo, nem o viés de confirmação. O raciocínio desenvolveu-se por necessidade e utilidade, nada além disso. Esses dois fatores permitiu a mente primigênia - e é aqui que está, a grande contribuição decisiva de Vico - desenvolver a sua maturidade para o raciocínio, promovendo mediante o senso comum, o engenho e o livre arbítrio, estabelecer relações entre as coisas semelhantes e diferentes entre si, agregando elementos múltiplos e diversos, unindo-os pela verossimilhança. A linguagem, e aqui, encontramos a base essencial desse processo, permitiu na sua expressividade formar esta unidade do diverso e do semelhante, proporcionando uma certa identidade entre os diferentes. A metáfora, elemento primário por natureza, gerado pelo corpo e tranferida às coisas. Primeiro elo de união entre os separados, permitindo neste processo o amadurecimento, não linear, mas difuso e transverso do racicínio, para se compor numa rede combinada pela trama e urdidura que apresentam fissuras, lacunas e vieses entre si, manifestando os pontos e as distâncias que unem os elementos representativos evocados pelos signos rudimentares e sensitivos através da Imaginação criadora. Assim, a mente primigênia criou na e pela poesia, fonte originária resultante da ação providentina, que a tudo colhe e dispõe, recolhe e conjuga.

Raciocínio evoluiu por causa de discussões
Estudo contraria ideia de que a razão se desenvolveu para achar a verdade
Teoria de cientistas franceses explicaria porque raciocínio das pessoas é cheio de inconsistências e vieses
HÉLIO SCHWARTSMANARTICULISTA DA FOLHA
Num artigo impactante, que vira do avesso alguns dos pressupostos da filosofia e da psicologia evolucionista, os pesquisadores franceses Hugo Mercier (Universidade da Pensilvânia) e Dan Sperber (Instituto Jean Nicod) sustentam que a razão humana evoluiu, não para aumentar nosso conhecimento, mas para nos fazer triunfar em debates.Desde alguns gregos, mas especialmente com René Descartes (1596-1650), consolidou-se a ideia de que a razão é um instrumento pessoal para nos aproximar da verdade e tomar as melhores decisões possíveis. "Penso, logo existo" é a divisa que celebrizou o pensador francês.Se esse esquema é exato, como explicar que o pensamento humano erre tanto? Como espécie, fracassamos nos mais elementares testes de lógica, não conseguimos compreender noções básicas de estatística e nascemos com uma série de vieses cognitivos que conspiram contra abordagens racionais.A situação não melhora quando quando abandonamos o reino das abstrações para entrar no terreno do interesse pessoal. Vários estudos têm mostrado que a maioria das pessoas comete verdadeiros desatinos lógico-financeiros ao administrar seus fundos de pensão.Mercier e Sperber afirmam que é possível explicar esse e outros paradoxos se deixarmos de lado a noção clássica para adotar o que chamam de teoria argumentativa. Apresentam uma convincente massa de estudos e evidências em favor de sua tese.A ideia básica é que a capacidade de raciocinar é um fenômeno social e não individual, cujo objetivo é persuadir nossos semelhantes e fazer com que sejamos cautelosos quando outros tentam nos convencer de algo. SOLUÇÕES A teoria, dizem os autores, não só faz sentido evolutivo como ainda resolve uma série de problemas que há muito desafiavam a psicologia.O mais importante deles é o chamado viés de confirmação, que pode ser definido como "buscar ou interpretar evidências de maneira parcial, para acomodar crenças, expectativas ou teorias preexistentes". O fenômeno está na base daquela mania irritante de políticos de só responder o que lhes interessa.O viés de confirmação é ainda uma das razões de persistência no erro, mesmo quando ele nos prejudica.Temos dificuldade para processar informações que contrariam nossas convicções. Em suas versões extremas, ele produz pseudociências, fé em religiões e sistemas políticos e também teorias da conspiração.Sob o modelo clássico, o viés de confirmação é uma falha de raciocínio mais ou menos inexplicável.Mas, se a razão foi selecionada para nos fazer vencer em debates, então faz sentido que eu busque apenas provas em favor da minha tese, e não contra ela.Adotada a lógica da produção de argumentos, o que era erro se torna um dos pontos fortes da teoria. FENÔMENO SOCIAL O modelo tem, evidentemente, implicações fortes. A mais evidente delas é que a razão só funciona bem como fenômeno social. Se pensarmos sozinhos, vamos muito provavelmente chafurdar cada vez mais fundo em nossas próprias intuições.Mas, se a utilizarmos no contexto de discussões, aumentam bastante as chances de, como grupo, nos dar bem. Ainda que nem sempre, por vezes as pessoas se deixam convencer por evidências.Trabalhos mostram que, quando submetidas a situações nas quais é preciso chegar a uma resposta correta (testes matemáticos ou conceituais), pessoas atuando sozinhas se saem mal, acertando em torno de 10% das respostas (Evans, 1989).Quando têm de solucionar os mesmos problemas em grupo, o índice de acerto vai para 80%. É o chamado efeito do bônus de assembleia.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A SEDUÇÃO DO CÉREBRO


"3.11 ...O método de projeção é pensar o sentido da proposição.
3.12 O sinal por meio do que exprimimos o pensamento, chamo de sinal proposicional. E a proposição é o sinal proposicional em sua relação projetiva com o mundo".

Temos aqui, duas proposições mostrativas retiradas do Tractatus Logico Philosophicus de Wittgenstein, um dos precursores da concepção cibernética juntamente com Frege e Russell. O pensamento não como ente subjetivo e psíquico, mas como ente objetivo, um método lógico de articulação entre signos mediante a sintaxe subjacente a esse mecanismo ou engrenagem que permite com que os signos se conectem formando elos de uma corrente para que assim possa projetar o mundo como figuração e desse modo descrevê-lo correspondentemente aos fatos que lhe são afigurados.
Ora esse mecanismo lógico-sintático subjacente à linguagem permite através de uma multiplicidade combinatória enquanto processo mecanicamente operacional mediante um cálculo matemático, permitir a articulação dos elementos sígnicos entre si para formar assim um encadeamento entre eles a fim de formar uma rede de transmissão capaz de projetar a realidade, pois assim haveria uma identidade entre a realidade e a linguagem que permitiria então, que ambas pudessem se encaixar ou conectar necessariamente, tal qual funciona, a rede cibernética dos computadores ao projetar imagens na sua tela.
A leitura ou interpretação de Hawking parece ser justamente esta. O cérebro reduzido, tão somente a um mecanismo operacionalmente lógico que permita, portanto, pensar.
Esse equívoco é bem peculiar aqueles que justamente enrodilham-se na redução lógico-atomicista da linguagem, mais especificamente da linguagem científica. Para isso, bastaria fazer como Frege na sua Ideografia, reduzir as proposições em notações lógicas e assim suprimiríamos as ambiguidades próprias da linguagem vulgar ou ordinária, aquela da qual somos utentes ou usuários. E o cérebro poderia ser reduzido a uma Forma Geral Proposicional do tipo lógico-simbólico ou notacional que de forma absoluta, eterna e essencial é capaz de gerar tudo o que existe no mundo. Só não é capaz de gerar o que está fora do mundo, isto é, do mundo lógico (wirklichkeit). Nesse caso, a ética, a estética e a mística estariam fora desse espaço. Assim sendo, não poderiam ser elementos de conhecimento científico. Então não poderiam incidir sobre eles valores de verdade. Portanto, seriam contra-sensos. Eis a questão de Hawking, homiziou-se nos escaninhos de seu cérebro e perdeu o sentido da vida, fazendo desta uma corrente algorítimica, típico dos hd's, ou moldem ou ainda pen-drive, capaz de armazenar, de calcular, de projetar, sem sair do lugar. Mera coincidência ou, a vida que imita a arte, ou a arte que imita a vida. Tanto faz, porque faz algum sentido.

Stephen Hawking: “vida após a morte é um conto de fadas”

Enviado por luisnassif, qua, 18/05/2011 - 18:00
Autor: Adriano S. Ribeiro
Para físico inglês, cérebro humano é como um computador que, quando se quebra, simplesmente para de funcionar
O famoso físico teórico inglês Stephen Hawking diz não haver nenhum espaço para a noção de paraíso em sua visão do cosmos.
Em uma entrevista publicada na segunda-feira (16) no jornal The Guardian, o cientista de 69 anos diz que o cérebro humano é como um computador que para de funcionar quando seus componentes falham. Ao jornal, ele disse: “Não existe nenhum paraíso e ou vida após a morte para computadores quebrados; isso é um conto de fadas para pessoas com medo do escuro”.
Em “O grande projeto: Novas respostas para as questões definitivas da vida”, seu último livro. Lançado no ano passado, Hawking já havia escrito que não haveria a necessidade de invocar um grande criador para explicar a existência do Universo.
O físico está confinado a uma cadeira de rodas por conta da esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada quando tinha 21 anos. Mas a doença faz com que ele aproveite mais a vida: “ Tenho vivido com a perspectiva de uma morte precoce pelos últimos 49 anos. Não tenho pressa de morrer. Existe muita coisa que quero fazer antes.”