segunda-feira, 28 de março de 2011

A METÁFORA VIVA


Sim, caríssima irmã,
A alma é um sopro divino que dá vida à matéria sedenta de posses e vaidades. O espírito contenta-se com o Belo, pois este é perfeito, sublime e puríssimo. Suas proporções são justas e eternas. Tudo Nele se faz UM, porque sua simplicidade nos enternece e não suspira por absolutamente nada. Basta a si mesmo.
A incessante busca do Belo é a aspiração grandiosa e extasiante que podemos desejar. A Graça divina legou-me esta infinita doação que o próprio Cristo nos concedeu através da sucessão apostólica dos apóstolos e da ordem sagrada de Melquisedec pela força do Paráclito e transfiguração do Amor do Pai aos seus filhos, o poder místico e sacrossanto da transubstanciação eucarística, nada há de mais sublime na relação direta, salvífica e salutar que a rememoração da Ceia do Cristo Senhor Nosso como plenitude da vida.
Nesta transfiguração, também, poética, pois é criação mediante a Graça da Providência no sacramento da Ordem, instituída pelo Cristo e por Ele celebrada, perpassa de forma magnânime, a metáfora viva, numa conjugação perfeita e divinamente gerada entre o homem e o próprio Deus.
Por isso, caríssima irmã, quando em nossa porta bater a irmã santa e irremediável morte, só temos a agradecer, o quanto o Senhor da Vida foi benigno conosco e agora, no momento mais congênito e limitado da existência, Ele nos embalsama num acolhimento sereno e eterno. O retorno a verdadeira Vida, plenitude perfeita e consumação do tempo na infinitude divina será sempre nossa mais almejada paixão.
Como bem disse o poeta, "Não morri de mal a sorte, morri de amor pela morte".

domingo, 27 de março de 2011

SÃO CARLOS DO BRASIL


Ontem, por ocasião da festividade de São Carlos do Brasil, na Paróquia de Santo Expedito, aqui em Belém, no Mangueirão, concelebramos juntamente com alguns fiéis para registrar este dia tão importante para toda a ICAB. 
Durante a homilia ressaltei três aspectos importantes e determinantes que expressaram com veemência, a bravura de Dom Carlos Duarte Costa o grande timoneiro das mudanças e dos avanços na eclesialidade católica, nos idos de 1945 e antes.
Foi importante descrever o perfil de nosso santo fundador para que os nossos fiéis pudessem introjetar esta lembrança, memorizando a sua história, para poderem disseminá-la entre os outros.
Os três aspectos foram: a missa em vernáculo, o fim do celibato e a confissão comunitária. Elementos esses já preconizados por Dom Carlos na sua última visita "ad limina" com o Papa, portanto, ainda, como bispo romano. Obviamente não atendido em seus pedidos, fora de certo repreendido por ousar tanto. Com sua determinação em combater estes elementos na ICAR, fora isolado do seio da Igreja, tendo como seu único protetor o cardeal Dom Sebastião Leme. Assim que faleceu o cardeal, foi convidado a se retirar da diocese de Botucatu no interior de São Paulo. Pois, naquele momento, se encontrava em franco conflito com o Vaticano e ao governo Vargas, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo radicalmente anti-facista e anti-nazista.
Retomando os três aspectos considerados, discorreremos sobre eles na perspectiva de São Carlos, a fim de que possamos ter um mínimo de clareza acerca de um dos aspectos de sua biografia.
Quanto ao celibato, sabemos que não se trata de uma questão evangélica, mas estritamente disciplinar.
Na verdade, o celibato é uma tradição proveniente dos costumes e culturas pagãs, voltado para o serviço no templo dos deuses. Havia necessidade de que, os que prestavam culto e cuidavam do templo fossem castas e castos. Assim herdou, também, o judaísmo essa prática que, depois foi legada ao cristianismo, pois os primeiríssimos cristãos eram judeus. Maria Santíssima, quando solteira, serviu ao templo e como tal, era virgem. Desse modo a prática do celibato foi introduzida no cristianismo como elemento de purificação e oblação a Deus e, entre os primeiros cristãos haviam vários grupos como os montanhistas e outros que se homiziavam nos eremitérios para viverem a virtude da virgindade. Temos aqui o aspecto cultural dessa prática. Tanto que entre os primeiros cristãos, presbíteros, diáconos, diaconizas e bispos, o matrimonio era uma prática comum, casavam-se e mantinham suas famílias. Com o advento dos concílios de Elvira no ano 300 dC começou a promoção do celibato entre os padres e, no concílio de Trento 1545-63, o celibato foi definido como regra, embora o Oriente mantivesse o matrimonio entre os padres por questões de cultura e, tolerado pelo Vaticano por questões políticas. Portanto, nas primeiras eras do cristianismo e até ao meado do século XVI, o celibato não era obrigatório. Entretanto, há uma outra variável que se manifestou no contexto desta situação. Não apenas de ordem cultural, mas também de ordem material, o celibato foi imposto ao clero. A Igreja não poderia perder o seu patrimônio que foi conquistado pelas benesses dos impérios que dominaram por vários séculos o poder eclesial. Desse modo a Igreja, também, exerceu o poder Temporal na época dos sumos pontífices que governavam Roma e, para não ver seu patrimônio dilapidado pelas famílias do clero, garantiu-se assim, a centralização do poder econômico nas mãos dos eclesiásticos, prelados, monastérios e ordens religiosas.
São Carlos, foi contra a obrigatoriedade do celibato e, propugnou a sua abolição, recebendo em suas hostes, bispos e padres casados, por considerar que a obrigação celibatária fere a natureza humana. Embora o mesmo Dom Carlos sempre manteve-se celibatário por opção pessoal.
Quanto a missa em vernáculo, isto é, aquela celebrada na língua de um determinado povo, em especial no Brasil, celebrada em português, a ICAB foi o primeiro rito católico nacional a celebrar a missa no vernáculo. A ICAR celebrava em latim, com o sacerdote de costas para o povo e, este, sem participar da missa rezavam em particular, em geral debulhando o terço. Somente pelos idos de 1960 com o Vaticano II aprovou-se esta proposta, já introduzida pela ICAB, sendo, portanto, nós, os pioneiros na missa em vernáculo. O padre voltou-se para o povo, e o povo com o padre participou da celebração.
Finalmente, a confissão auricular foi abolida por São Carlos e introduzida a confissão comunitária. Entendia que os pecados são confessados a Deus e cabe ao sacerdote lhe assegurar a absolvição. Tornou-se, portanto, exceção, a confissão auricular. Durante o Ato Penitencial, o sacerdote já concede aos fiéis a absolvição dos pecados, estando assim livres para participar sem culpa e sem pecado do mistério eucarístico da nossa fé.
"Com Cristo e em Cristo no caminho do carlismo".

sexta-feira, 25 de março de 2011

A Perereca da Vizinha: Resposta à juíza Danielle Cássia Silveira, que cen...

É lamentável, que a justiça não cumpra o seu papel de defensora da democracia, do dierito de expressão tão aviltado durante a ditadura militar. Perplexo sobre esta reação amortecedora, a juíza comete um ato deprimente.

A Perereca da Vizinha: Resposta à juíza Danielle Cássia Silveira, que cen...: "Ilustríssima cidadã Danielle de Cássia Silveira Burnheim, juíza substituta da 1 Vara do Juizado Especial Cível: A senhora me perdoe a fra..."

terça-feira, 22 de março de 2011

MARTON MAUÉS


Venho acompanhando suas postagens. Seus quadros são surpreendentes, simultaneamente infantes, ternos e calmantes. Infantes pq expressam as primeiras linhas imprecisas que proporcionam pureza no estilo e candura no olhar; ternos, pq agradam suavemente a contemplação rememorativa do ludicismo infantil, e calmantes pq enternecem a miragem e pacifica o humor. Os tons pastéis acariciados pelas cores, suavisa o contraste, realçando a beleza que emerge caricata e plena de formosura. Belos quadros.

sábado, 19 de março de 2011

RECONCILIAÇÃO

RECONCILIAÇÃO

Caríssimos Fiéis,

Coube-me esta prédica sumária para falar-vos sobre o tema da RECONCILIAÇÃO, tão bem escolhido por nosso eminentíssimo Dom José de Palmas, como carinhosamente lhe chamo.

Cabe nos perguntar:

Reconciliação para quê? Por quê? E como nos reconciliar? Estas indagações primeiras nos remetem necessariamente a uma essencial: o que é a Reconciliação? Como ela se revela na Sagrada Escritura? Qual o apelo que lhe é intrínseco enquanto exortação divina? Qual o propósito de Deus quando nos convoca à Reconciliação?
Pretendemos discorrer sobre este tema, a medida que respondermos a estas indagações, como elementos de explicitação, clarificação, para apreendermos com nitidez e discernimento, e assim, introjetarmos tal conhecimento para que seja guia em nossas ações no mundo, com os nossos irmãos e especialmente nas nossas ações colegiadas enquanto igreja que se propõe testemunhar a mensagem salvífica do Evangelho do Senhor, que nos mandou para anunciar a toda criatura o seu plano de salvação.
Que a Palavra de Deus seja de fato em nossas mentes e em nossos corações, o testemunho vivo da nossa Reconciliação com Deus, para que assim possamos estar reconciliados consigo mesmo no alcance da reconciliação com o outro.
Só podemos nos reconciliar se entre nós houver alguma ruptura, alguma dissensão, algum interdito em nossa relação, em especial em nossa relação com Deus.
Posto que Deus em sua infinita misericórdia, mediante sua divina providência, selou com o seu povo uma aliança, assim concebida, como trato e norma de mútua aceitação, tanto por Deus quanto pelo homem. Por isso, sinal de fidelidade do homem para com o Pai, porque testemunho de obediência aos seus mandamentos. Firma-se aqui, um elo sagrado, que, se interrompido, causa danos e tensões entre o homem e Deus e, entre os homens entre si. Daí, a fidelidade e a obediência como fatores irredutíveis da unidade eclesial, consumada pela livre e espontânea adesão aos princípios evangélicos e eclesiais, bem como conjugada pela virtude da caridade que propicia mediante a graça, a misericórdia.
Desse modo, então, podemos dizer, que o termo “reconciliação”, pode-se entender como resultado da superação de uma situação anteriormente rompida, por uma nova situação plenamente restabelecida.
O restabelecimento desta situação, somente possível pela ação infinitamente bondosa de Deus que está permanentemente nos exortando à reconciliação, como assim fez com Israel, “para servirmos em justiça e santidade sob seu olhar todos os nossos dias”.
A reconciliação também pressupõe a mediação. Assim como Javé se expressa mediante a intercessão de Abraão em favor de Abimelec e sua casa (Gên. 20,17s.). Se expressa também no Egito, quando o faraó suplica pela intercessão de Moisés por causa das pragas (Êx. 9,27 ss.). Em Isaias cap. 53, temos o justo que carrega a culpa de todos os homens, cujo ato de reconciliação se dá pela intervenção de Javé, posto que o justo é servo de Javé.
Reconciliar, também, é converter-se, porque voltamos atrás, atitude esta que se manifesta no comportamento de cada um de nós, quando verdadeiramente ouvimos a Deus, através da fidelidade a sua Palavra e por conseqüência à obediência às normas livremente assumidas em nosso juramento, porque é um ato de Fé, ao qual nos dispomos enquanto sacerdotes e filhos de Javé, vinculados e agentes de sua Igreja.*
Ainda que nossos atos expiatórios sejam valorizados pela Palavra de Deus e pela tradição eclesial, sem um coração reto, todas as nossas ações são vãs e inúteis (Is. 1). Como condição necessária para a reconciliação, portanto, é o reconhecimento de que pecamos e por isso somos culpados, seja enquanto indivíduo (Davi:2 Sam 12,13), seja enquanto comunidade (1 Sm 7,6), para assim desejarmos a nossa libertação.
Penitenciados pelo arrependimento e o firme propósito de mudarmos de atitude, mudarmos de comportamento, e vivermos plenamente a doutrina, a qual, por livre e espontânea vontade assumimos e nos comprometemos a vivê-la e praticá-la, firmaremos desse modo com Deus, a remissão de nossa culpa e receberemos por suas mãos liberais a reconciliação, primeiramente com Ele e consequentemente com o irmão.
Mas, sempre temos empecilhos a nossa frente, fruto de nossa natureza decaída pelo pecado original, que precisamos insistentemente superá-las e buscar de forma intensa e determinada mediante a graça divina, a reconciliação. No entanto, somos também levados algumas vezes, a recusar a reconciliação (Num 15, 30 ss; 1 Sm 3,14; 2 Rs 24,4; Is 22,14; Jer 5,7; 7,16) e por conta disso, sofremos todas as conseqüências adversas das vicissitudes da vida, pois de Javé nos afastamos e por isso, nos afastamos da comunhão eclesial. Mas, mesmo na recusa emerge o Amor de Javé para com o seu povo, para com cada um de nós, afim de que possamos numa atitude caridosa, como verdadeiros irmãos, superarmos esta condição e chegarmos à Reconciliação.
Discorremos até então sobre o Antigo Testamento. Discorramos agora sobre a Novíssima Aliança, que suplanta em graça e mensagem a antiga, e nos traz a Boa Nova como suplemento extraordinário da Infinita bondade de Deus, isto é, o próprio Filho para a Remissão de nossos pecados. O sacrifício vivo, por nós imolado para a reconciliação de todo o gênero humano.
Na tradição paulina encontramos de modo especial na sua variante antropológica, o tema Reconciliação, como uma constante na exortação do apóstolo as diversas comunidades do cristianismo primigênio, sempre voltado para a “perdição do mundo”, a “divisão entre os cristãos”, da “inimizade surgida entre eles”, da “perdição sob a lei e no pecado”, na “desobediência” (Rom 8,7), e na situação de alienação do homem em relação a Deus (Ef 2,12). Entre tantas outras situações, em cada uma destas, Deus demonstrou o seu grande Amor (Rom 5, 5.8; Ef 2,4), provendo o homem de uma saída desesperada para reconciliar-se mediante a ação benevolente de Deus, porque em Cristo, na morte e ressurreição de Jesus, Deus reconciliou o mundo e os homens consigo e instituiu a paz (Rom 5,1; Ef 2,15; Col 1,20), relevou a inimizade (Rom 5,10; Ef 2,14) e não imputou os pecados, bem como livrou os pecadores de sua ira. A morte de Jesus na cruz propiciou a reconciliação dos homens com Deus, possibilitou-lhes o acesso ao Pai (Ef 2,16), a entrada na graça (Rom 5,2). A humanidade antes dividida entre judeus e gentios, foi reconciliada “num só corpo” (Ef 2,16). Sendo a Reconciliação obra de Deus, por iniciativa soberana e absolutamente livre, Deus não é reconciliado pelo homem pecador, porque os homens recebem a Reconciliação de Deus (Rom 5,10). Deus reconcilia consigo o mundo e, sobretudo os homens (2Cor 5,18; Col1,20.22; Ef 2,16).
Como obra de Deus, a Reconciliação se faz independentemente da disposição do homem, por pura graça para com os pecadores (Rom 5,8) e inimigos (Rom 5,10). A reconciliação enquanto obra de Deus é uma realidade, um estado por Ele criado que precede o fato de os homens se deixarem reconciliar (2 Cor 5,20), de receberem a reconciliação, porque Deus é sumamente Bom. Essa bondade de Deus gera, sem dúvida alguma, exigências éticas imprescindíveis.
A dimensão ética é um pressuposto essencial do ato reconciliatório. Não há de fato reconciliação, se não há a prática real que se opera no dia a dia do fazer a reconciliação, pois somente assim ela se torna sinal visível do testemunho de cada um de nós e de todos nós que aderimos pela fé no Cristo, porque Nele cremos e Nele nos fundamentamos para vivermos e desenvolvermos a Reconciliação. Não nos basta, bater no peito o mea-culpa, não nos basta pedir desculpas ou perdão. É preciso efetivamente que nossos atos expressem nosso firme propósito para a reconciliação.
O amor à verdade será sempre uma virtude essencial, a fim de que possamos perceber melhor o que somos e o que não somos, o que fizemos e o que não fizemos. Nesse sentido a nossa franqueza não ocultará os aspectos negativos de nossas atitudes e comportamentos, mas será de uma honestidade e uma veracidade muito importante. E se a nossa confissão, a nossa tomada de consciência, o reconhecimento e a aceitação de nossa culpa, faz parte essencialmente do ser cristão, é porque somente desse modo seremos verdadeiros e poderemos viver corretamente e, assim, podermos salmodiar a nossa penitência com sinceridade diante de Deus e dos irmãos num gesto perene de reconciliação. Pois só assim, estaremos sendo éticos, porque expressamos em nossas atitudes a “moral da Aliança”: “Sede santos, porque eu sou santo” (Lv 11,45; 19,2). Eis aí o imperativo categórico que se impõe enquanto convocação de filhos de Deus, pois exprime as exigências incondicionais e, num certo sentido, mínimas, para que permaneçamos em comunhão com o nosso Deus.
Na medida em que na Igreja, pelo “serviço da reconciliação”, a mensagem da reconciliação já feita é declarada e oferecida em lugar de Cristo pelos seus servidores, e na medida em que os ouvintes dessa mensagem e os chamados para a reconciliação lhe respondem e se deixam reconciliar, esta “pro-cede”, enquanto ato de ceder, a sua realização no homem. Neste “pro -cesso”, que é o proceder permanente, o homem toma parte e deve contribuir, deixando realizar-se em si a permanente ação reconciliatória de Deus, deixando-se reconciliar com Deus para poder reconciliar-se consigo e, então, reconciliar-se com o irmão. A escuta e o atendimento à reconciliação é uma abertura que nos leva a ação para o apaziguamento e a conciliação, como momento de paz na amizade com Deus.
Por isso, cabe sempre aos presbíteros, a vivência e o cultivo entre si da fraternidade sacramental peculiar à atitude reconciliatória, pois somos enviados a cooperar na mesma obra, exercendo um ministério paroquial ou supraparoquial, seja na administração da diocese, da paróquia ou na transmição e ensino da ciência. Para uma coisa de fato todos devemos contribuir, a saber, para a edificação do Corpo de Cristo, que hoje em dia nos exige múltiplas funções e novas adaptações. Por este motivo é de real importância que todos os presbíteros se ajudem mutuamente, afim de que sejamos de fato cooperadores da verdade. Assim estaremos cada qual ligados irremediavelmente por laços especiais da caridade apostólica, de ministério e fraternidade, manifestando a união, pela qual Cristo quis que os seus se consumassem na unidade, afim de que o mundo conhecesse que o filho fora enviado pelo Pai.
Levados pelo espírito fraterno, não esqueçamos da hospitalidade, da prática de mútua solidariedade e da permanente reconciliação, que deve ser cultivada através do mútuo auxílio, na vida espiritual e intelectual, afim de melhorarmos nossa cooperação no ministério, para nos livrarmos assim de qualquer dissensão e testemunharmos a fraterna caridade e a grandeza de alma entre nós, revelando-nos continuamente como amigos e irmãos.
Decerto que a relevância dada ao próximo, consubstancia-se, no segundo mandamento: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39). Em João, o mandamento torna-se apenas um: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,24). Eis a síntese da reconciliação que unifica e fortalece, pois nos dão as condições de nos unir para não nos dispersar em função de benefícios próprios e sorrateiros, como também de nos fortalecer para que unidos sejamos, também, fortes para prosseguir em nossa caminhada eclesial.
A nova comunhão com Deus, propiciada pela reconciliação, é vida nova em Cristo, para Deus. Pelo sangue de Cristo os pecadores são justificados (Rom 5,9), pela sua morte foram reconciliados (Rom 5,10). A obra reconciliatória de Deus se deu através de Cristo, Deus reconciliou consigo o mundo em Cristo e pelo sangue de Cristo na Cruz instituiu a paz. No sangue de Cristo os judeus e gentios se aproximaram um do outro (Ef 2,16) num gesto firme e determinado de paz.
Essa paz não será efêmera se estivermos unidos pelo laço da fé no prosseguimento das normas que nos são regras de ação, que nos permitem a unificação e a sua disseminação.
Não pode haver reconciliação, se não houver estrita obediência às nossas normas eclesiais; não pode haver reconciliação se não houver fidelidade aos nossos ideais que geram inevitavelmente a confiança e a consecução da amizade entre nós, portanto de nossa Comunhão eclesial, imprescindível para o fortalecimento de nossa ICAB, por conseguinte o fortalecimento de cada um de nós como agentes efetivos da Reconciliação franca, constituída de um firme propósito e assumida na sua integridade.
São Carlos do Brasil em 28 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, nos dá um exemplo magnífico de Reconciliação, quando perseguido e preso no governo de Getúlio Vargas, foi chamado a celebrar a missa de corpo presente do presidente, porque a Católica Romana recusou-se a celebrar, pois se tratava de um suicida. Vejam o gesto de incondicional reconciliação que o nosso Mestre e Guia manifestou. Atitude corajosa, humilde e exemplo para todos os seus filhos icabenses, quando declarou:
“Separado da Igreja romana, à qual servi com toda dedicação de minha alma, como simples sacerdote e como bispo, daqui lanço um apelo, aos meus irmãos de episcopado, para que abram de par em par as portas de suas Catedrais e Majestosos Templos, para que o povo acorra e deposite na ara santa sua prece quente, pela amizade, e fervorosa, pelo seu espírito religioso, em sufrágio da alma do saudoso Presidente, que soube perdoar seus inimigos e sentir não ter feito tudo quanto desejava pelos humildes, deixando à sua família e a Pátria um pedestal firme, onde poderá ser construído o Templo Divino do espírito de Compreensão da Humanidade, sendo, em sua porta, gravadas estas palavras do divino Mestre: “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS E NÃO FAÇAIS AO VOSSO PRÓXIMO AQUILO QUE NÃO QUEREIS QUE SE VOS FAÇA”.

Reconcilie-mo-nos, portanto, com Cristo e em Cristo no caminho do carlismo, sempre, sempre e sempre.

Seja louvado N.S. Jesus Cristo!

Para sempre seja louvado!

Pe. Sergio Nunes

Palmas – To, 06/03/2011
BIBLIOGRAFIA
1. Duarte Costa, Carlos, A Luta, Revista nº 20, Rio de Janeiro, 1954.

2. Ratzinger, Joseph, O Sal da Terra, Imago, Rio de Janeiro, 1997.

3. Compêndio do Vaticano II, 7ª edição, Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro, 1973.

4. Bauer, Dicionário de Teologia bíblica, vol. 2, Ed. Loyola, São Paulo, 1973.

5. Ética: Pessoa e Sociedade, Documentos da CNBB, Paulinas, 1993.



quinta-feira, 17 de março de 2011

O BURACO NEGRO







Salve o negro em sua versão halkiniana, circulo perfeito, criatura eterna. Sem princípio nem fim atravessa todas as esferas, espiralando o movimento entre contornos bélicos e emergências igneas-férreas, tão caliente e tão hermoso, como nave fumegante do infinito escuro proveniente, redemoinha-se  na geração da vida e na findação remota. Obséquio de um tempo dividido, no indivisível tempo de onde tudo procede e para onde tudo entorna.

terça-feira, 15 de março de 2011

A Perereca da Vizinha: OAB ingressa na justiça para demissão imediata dos...


A COISA TÁ MAIS QUE PRETA, ESTÁ IMORAL, INCESTUOSA E DISSOLUTA!!!

A Perereca da Vizinha: OAB ingressa na justiça para demissão imediata dos...: "A seccional paraense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ingressou na Justiça para obrigar o Governo do Estado a exonerar os assessores e..."

segunda-feira, 14 de março de 2011

CRISTO E A POLÍTICA


Marco Politi
Gesù non faceva politica

Cristo non era un rivoluzionario. “Non viene con la spada del rivoluzionario, viene donando la salvezza e la guarigione”. Nel suo secondo libro su Gesù (Gesù di Nazareth, Vol. 2), Benedetto XVI respinge ulteriormente ogni teologia politica (contro cui ha combattuto da prefetto della Congregazione per la dottrina della fede negli anni Settanta e Ottanta). Anzi, spiega, il messaggio di Cristo separa definitivamente la sfera politica dalla dimensione religiosa a differenza di quanto avveniva nell’antico Israele e si riproporrà nell’islam. Di qui l’affermazione che la “sovversione violenta, l’uccisione di altri in nome di Dio non corrisponde al suo modo di essere”. Le conseguenze terribili di una violenza motivata religiosamente, aggiunge, sono sotto gli occhi di tutti. Al di là di questa valutazione si avverte, in altri passi, il timbro della resa dei conti personale con i teologi della liberazione. “La violenza non instaura il Regno di Dio, il regno dell’umanità. Al contrario, è lo strumento del’Anticristo”, persino quando è invocata seguendo motivazioni religiose idealizzate.

Tem razão Bento XVI quando afirma que a violência não “instaura o Reino de Deus, o reino da humanidade”, bem como a advertência sobre o risco da teologia da Libertação incentivar o ódio, portanto a violência. Isto é fato, especialmente na América Latina nos idos de 1970. Mas se equivoca, quando sustenta, segundo Politi, a separação definitiva entre a esfera política da dimensão religiosa.
Esta separação é demasiadamente calculista e rigorosamente cartesiana. O homem necessariamente é um animal político e a religião assume a sua dimensão política em todas as suas esferas. Cabe lembrar que a política visa o bem comum, já o diz o vocábulo POLIS. A violência não procede da ação poítica, porque a não-violência é um ato estritamente político. Mas, procede da miseria humana, decaída pelo pecado original e que deve, portanto, ser domesticada para ser contida.
Quanto a Teologia da Libertação, embora possa ser indutora da violência e do ódio, pode ser também condutora da paz e da concórdia, assim como o Evangelho pode ser beligerante, pode também ser pacífico. Dependendo da ótica e das livres interpretações, poderá sustentar déspotas e santos.
Os irmãos separados ou protestantes, surgiram como resultado da intolerância religiosa católica romana, assim como as cruzadas foram forças belicistas e muitas vezes criminosas. E tais fatos não podem simplesmente serem deletados pelo simples fato de que agora interpretamos melhor, ou que o Espírito Santo nos tenha acolhido finalmente.
Portanto, a dimensão politica não pode simplesmente ser extinta da Sagrada Escritura por obra e graça de um pensador, mesmo que seja ele o Santo Padre, caso seja de fato correta a colocação de Politi.

Ha il sapore di una resa dei conti anche l’attacco al metodo storico-critico di indagine biblica, che avrebbe esaurito la sua funzione. Ma in realtà gli interrogativi aperti sulla figura di Cristo (fino a che punto si sentiva “figlio di Dio” come persona della Trinità?) anche questo libro non li risolve.
Racconta molto su Ratzinger questo secondo volume sulla passione e resurrezione di Gesù. Mentre esalta la fiducia nel Cristo, che tiene le sue mani stese sui fedeli e l’umanità, il testo rivela il profondo e permanente pessimismo di Benedetto XVI sui rapporti tra Chiesa e società. “Anche oggi – scrive – la barca della Chiesa, col vento contrario della storia, naviga attraverso l’oceano agitato del tempo. Spesso si ha l’impressione che debba affondare…”. Affermare che il vento della storia soffia sistematicamente “contro” la Chiesa è un giudizio pesante. Una svolta di 360 gradi rispetto all’atteggiamento di serena fiducia del Concilio e di quanti ancora oggi si richiamano al suo slancio. Al fondo la frase è anche rivelatrice del nucleo duro che nel 2005 si mobilitò per far eleggere Ratzinger al trono papale: un raggruppamento di porporati animati dalla visione di una Chiesa assediata da un mondo anti-cristiano. Non sono mai state queste, nella storia della Chiesa, le premesse per stagioni felici.

Sem dúvida que o olhar angustiado de Bento XVI se expressa de forma intensa nesta passagem, mesmo que sua asserção seja duvidosa.
Quando afirma: “Também hoje, a barca da Igreja, com o vento contrário da história, navega através do oceano agitado do tempo. Mesmo que se tenha a impressão que vá afundar..”.
Façamos uma análise mais filosófica que psicológica desta afirmação. Ora, a história nada mais é que o conjunto das ações humanas no tempo e no espaço que formam a miríade de fatos que condensam o movimento temporal e o movimentam para determinados fins. Assim sendo, a Igreja é também histórica e enquanto tal não pode seguir contrária à história, como se esta e aquela fossem entes distintos no bojo dos acontecimentos. Pelo contrário as ações e reações movem as relações historicamente dadas.
Com este argumento, verificamos que a Igreja não pode, nem está, acima da história.

Importantenel volume è l’esortazione ad approfondire i rapporti ebraico-cristiani. Non soltanto ripudiando radicalmente la tesi del “popolo deicida”, ma in base a una riflessione più ampia. La distruzione del tempio di Gerusalemme, spiega Ratzinger, ha aperto una fase del tutto nuova nella storia religiosa d’Israele. Da allora si confrontano due letture dell’Antico Testamento: la rabbinica e la cristiana. Queste letture, sottolinea il Papa, devono “entrare in dialogo” per comprendere correttamente la parola e la volontà di Dio.

Concordo plenamente. O diálogo com os nossos irmãos de fé ancestral, segundo joão Paulo II é fundamental para a busca de aproximações que visem a paz e a concórdia.

Il libro è stato terminato il 25 aprile 2010. Nel pieno della crisi sugli abusi sessuali. È stato redatto nel vivo di altre crisi: lo scontro con il mondo ebraico sul caso Williamson, la lacerazione nel mondo cattolico a proposito della scomunica rimessa al movimento anticonciliare lefebvriano. È il segno di un Papa che ha sempre scisso il suo tempo in due: il governo e la ricerca teologica personale. Suscitando dietro le quinte critiche persistenti sulla sua guida non sufficientemente conseguente con le grandi sfide che attendono la Chiesa all’interno e all’esterno. Dalle pagine emerge, però, un sano realismo teologico nel ribadire che la Chiesa al suo interno deve sempre fare i conti con altri Giuda che tradiscono la missione e ha continuamente bisogno di fare pulizia per purificarsi, una “lavanda dei piedi” permanente.
Manca, nella vita di Gesù ratzingeriana, la parte sulla nascita. Il Papa promette di scriverla. Sarà interessante. Nel 1971, da teologo, ammise che Giuseppe poteva anche essere biologicamente il padre di Gesù. Non aveva importanza, scriveva, perché la filiazione divina di Gesù era “ontologica”. Sarebbe un’affermazione rivoluzionaria oggi in bocca al Papa. La ripeterà?

Aqui, o teólogo comete uma permissividade teológica. Como se Deus pudesse absolutamente tudo de forma incondicional, somente porque é Deus e, isto, é simplesmente impossível, pois para Deus jamais haveria qualquer possibilidade de pecar, pois Ele é puríssimo e perfeitíssimo. José, é um homem qualquer que fora chamado por Deus para realizar esta missão. Desse modo, nascido com o pecado original e por isso mesmo, não poderia jamais ser o pai de Jesus. Isto me parece elementaríssimo.
Il Fatto Quotidiano, 11 marzo 2011

Comentário: Pe. Sergio Nunes ICAB em vermelho.


LA PIETÀ


Os diversos ângulos fotografados com extrema sensibilidade por Robert Hupka, revelam os diversos momentos de afago da Virgem SS com seu filho entre os braços, num misto de sofrimento e consolo, o corpo estendido no colo materno em profundo repouso. A perfeição que recobre cada membro do corpo na tecitura pétrea da epiderme marmorítica conforma a beleza sutil e a candura do cinzel sobre a massa granícola.
Obra de raríssima beleza que expressa algo mais que a técnica empregada, a simetria aplicada e a geometria das formas. Emerge do conjunto da obra uma sensação indescritivelmente contemplativa que eleva o olhar e desnuda o sentimento, cuja raridade incomensurável da fantasia nos transporta num misticismo recôndito, humanamente incapaz de soletrar os fonemas estéticos e divinamente pleno de transcendentalidade. A Pietá solícita e o filho em repouso dignificante. Obra mais que esplêndida de Miguelangelo.

domingo, 13 de março de 2011

EXTREMA POBREZA




Uma análise sensata apresenta o prof. Eduardo Salvador acerca da pobreza no país, em especial a extrema pobreza, cuja meta do governo é sua erradicação em 4 anos. Sem dúvida alguma, iniciativa meritória e vontade política determinada, manifesta Dilma Roussef, fruto de sua personalidade firme, peculiar a uma guerrilheira que enfrentou com muita coragem a ditadura, a prisão e as torturas a que foi submetida. Este vigor de caráter reúne as condições necessárias para implementar este ousado Programa de que tanto necessitamos. Entretanto, a análise profícua de Salvador nos leva a ampliar nossa visão acerca do redimensionamento que se faz imprescindível a execução do mesmo. Não basta apenas alterar a configuração estatística, precisamos ir mais além, isto é, o Programa precisa ultrapassar a mera transferência de renda e alcançar as condições para o desenvolvimento pleno dos mais pobres e desvalidos. Faz-se necessário suportes e ferramentas de qualificação e informação para garantir a sustentabilidade de cada um destes indivíduos. É preciso que estejam aptos ao mercado de trabalho e possam assim, também, contribuir com sua força de trabalho e auferir seu sustento com autonomia e independência. Esta ampliação da visão relativa a extrema pobreza, não se esgota em si mesma, mas implica numa ação intercorrente entre as várias esferas que constituem a estrutura de uma nação. Faz-se necessário uma melhor distribuição de renda, para a qual, sem Reforma Tributária é inviável, necessita-se de uma maior mobilização por parte da sociedade civil organizada, como tem demonstrado a ação de nossos sindicatos, a ação das entidades empresariais, religiosas, docentes e estudantis, bem como campesina. O raio de ação político e social retroconverte em todo os sitema sócio-político envolvendo todos os agentes conjugados neste esforço que não é só de um governante, mas de toda a nação. Esta ação envolve, desde pressões necessária a sua execução, assim como resultados eficazes provindo do Legislativo e do Judiciário, sem os quais, ficaremos tão somente nas estatísticas como elementos de maquiagem quantificatório e realidade desfigurada.

Evilásio Salvador/UNB
Corre-se o risco de vermos uma eliminação estatística, mas não real, da pobreza?
Com certeza. Tudo depende da ótica que se analisa a questão. Se consideramos que aumentar a renda das pessoas de um quarto do salário mínimo para meio salário é suficiente para acabarmos com a pobreza extrema, teríamos resultado estático limitado a uma visão míope de economia e política social.
Que alternativa há para se definir miséria que não a renda?
Os indicadores tradicionalmente utilizados tendem a desconsiderar a questão distributiva, a distância que separa os ricos dos pobres.
Os métodos estatísticos e as referências teóricas não são neutros. Revelam critérios, julgamento de valor e ideologia para legitimar determinado padrão de intervenção do Estado. Essa intervenção ocorre não para a superação da pobreza, mas com medida de produção de assistencialismo.
Os indicadores de pobreza precisariam mensurar a evolução da redistribuição de renda, que passa pela desigualdade na estrutura do mercado de trabalho e pela elevada concentração de renda por duas óticas.
A primeira, por meio da análise da distribuição funcional da renda, a elevada apropriação da renda pelos proprietários capitalistas.
A segunda, o regressivo sistema tributário, que onera proporcionalmente os mais pobres e os trabalhadores. Por fim, pelo acesso a políticas universais, como educação e saúde.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A FORMAÇÃO FILOSÓFICA


Antes de mais, nós não formamos filósofos, formamos sim, bacharéis e licenciados em filosofia na UFPa, que poderão vir a ser estudiosos da filosofia, como bem dizia Benedito Nunes. Os filósofos foram aqueles que instituíram sistemas e doutrinas de pensamento, como por ex. Platão que criou a Doutrina das Idéias. Aristóteles criou o sistema Metafísico e a Lógica Formal, para ficar nos antigos. Estes são os filósofos.
Aqueles que porventura estudam os demais filósofos, são os investigadores, os pesquisadores, os estudiosos da filosofia, ou se preferir seus comentadores. São mestres e doutores que discorrem sobre determinados enfoques filosóficos e exercem um olhar crítico sobre estes, para daí extrair novas formas e novas interpretações acerca daquilo que se está investigando, cujo produto será o comentário crítico daquele determinado assunto. Isto, é fazer conhecimento, produzi-lo e confrontá-lo nas suas diversas dimensões: seja conceitual, gnosiológica, epistêmica, científica, cultural, política, estética e moral e/ou ética.
Portanto, o trabalho do estudioso da filosofia é solitário, em termos, claro, posto que ele dialoga com vários pensadores simultaneamente através de suas obras, confrontando-as, comparando-as, relacionando-as através de pontos de contato, das suas diferenças, das suas semelhanças, das suas superações, das suas críticas, num crivo constante de arrumações, desarrumações e rearrumações conceituais, que visam sobremaneira questionar, duvidar e esclarecer determinadas situações: éticas, políticas, tecnológicas, científicas, artísticas e religiosas que se manifestam no seio da sociedade. Além disso, pode exercer a docência no ensino médio e superior, cuja função maior é gerar, impulsionar e formar consciências críticas para o desempenho de sua condição humana, seja na família, no trabalho, na sociedade, nas relações interpessoais e principalmente consigo mesmo. Por isso o estudioso da filosofia, ama a leitura e a escrita que são seus aliados permanentes e promissores, precipuamente dedica-se ao ensino como mestre aos seus discípulos, não apenas para informar, mas principalmente para moldar e mudar consciências no livre exercício do magistério, não por indução, mas por reflexão.
A inovação é um mecanismo peculiar ao exercício da filosofia, uma vez que se desenvolve o conhecimento e se exerce o magistério. Cada justificação teórica, cada confrontação conceitual, cada paralelo estabelecido, cada inferência realizada, formam os movimentos recorrentes e permanentes no exercício do fazer filosófico, por isso, sempre original e criativo. Um texto produzido sobre determinado tema, uma aula dada sobre o mesmo tema, nunca será a mesma no tempo e no espaço, mesmo que o tema seja o trabalhado. Porque cada apanhado, cada discorrência, cada clarificação, cada pontuação será sempre um diferencial subjetivo e informativo a cada instante. Por isso o resultado do conhecimento filosófico sempre será inusitado e original.
O futuro profissional da filosofia tem um campo promissor de trabalho e atuação, tanto no campo do ensino, quanto das artes, da cultura e da consultoria. No ensino, com o avanço da filosofia no ensino médio, necessitamos cada vez mais de profissionais qualificados para exercê-lo, é um campo aberto para conquistarmos ainda mais; nas artes e cultura como críticos competentes para discernir com juízos balizantes e clarificantes a massa que subjaz na concepção de cada elemento formador do artístico e do cultural; na consultoria, ainda muito reduzido em nosso país, como facilitador de provocações e dúvidas, ou seja de problematizações para se buscar a melhor saída, a melhor solução, o melhor arranjo de uma proposição em qualquer esfera do trabalho e atuação profissional. Este é um campo ainda por conquistar.
O profissional da filosofia deveria ser dedicado, disciplinado, empenhado e sobretudo competente naquilo que faz com paixão, denodo e zelo. Como deve ser em qualquer profissão.

Prof. Dr. Sergio Nunes