quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

RECESSO

Caríssimos amigos e leitores do PALAVRA AVULSA, desejo de todo o coração um brinde de cristal e FELIZ ANO NOVO, que a Benção de Deus seja um bálsamo para a alma e o espírito sempre em busca da Paz. Ficaremos de recesso durante este período e retornaremos na segunda semana de Janeiro de 2011.
SERGIO NUNES

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ESSIENI, DIÁRIO DE VIAGEM XI

A manhã estava acinzentada, chuviscava em Roma. Fomos a San Giovanni, assistimos á Santa Missa e partimos em seguida para a estação do trem. Chegamos ao museu do vaticano para visitar a Capela Sistina, mas se encontrava fechado; prosseguimos até a Piazza de S. Pietro e nos defrontamos com a magnificência da basílica. Com sua imponência secular nos abraçava com suas naves de colunas.
Tudo emergia com grande esplendor, continha-me intensamente para não chorar. A emoção me sufocava como um turbilhão em grande explosão. Não queria ouvir nada; não queria falar absolutamente nada. Uma agonia latente fumegava em meu espírito. Estava pisando o solo por onde tantos homens e mulheres santos caminharam. Por onde grandes Papas governaram a Santa Igreja.
A sede de minha fé católica se presentificava e me identificava como legítimo filho de Deus.
A majestosidade vaticana era impressionante com sua beleza arquitetônica, seu estilo greco-romano e as figuras geométricas em várias cores de mármore policromado. O teto, as colunas e as imagens perfeitamente talhadas, davam o esplendor artístico de vários homens, como Michelangelo, Raphaelo, Tintoreto entre outros e, como não poderíamos deixar de mencionar o extraordinário Leonardo da Vinci.
A geometria vaticana expressa com harmonia e rítimo, a sinfonia renascentista ao tom do violino e a gravidade do órgão e seus fólios trovadorescos.
La Pietá, S. Pietro, Moisés e os túmulos de centenas de papas que governaram a Igreja, jaziam no interior dos volumosos mármores, entre naves seqüenciadas do porão da basílica. Tudo acéptico, silencioso e reverente.
Partimos para apanharmos o carro e seguimos para a Piazza de Giordano Bruno, aonde saboreamos uma gostosa pizza Margarita, que nos lembrou o Xícara, com a diferença de que o clima seco de Roma favorecia a permanência crocante da massa; a muzarella tenra proporcionava o frescor da nata de coalhada; a qualidade do trigo e do tomate, o sabor leve e tênue do pomodoro sem qualquer azedume.
Ao centro da praça, o marco com a estátua de Giordano Bruno que fora executado pela inquisição. Próximo havia uma outra praça majestosa com os casarios, a igreja e seus palácios formando um ângulo oval com seu piso em ardósia maciça; a embaixada brasileira não poderia estar mais bem situada. La Piazza Navona, palco de competições imperiais olímpicas.
13/07/02

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

JAPERICA

 Quantas saudades! Imensas saudades de ti, amada minha. O quanto fui feliz em teu seio, o quanto viví em tuas terras, o quanto saboreei de teus frutos. Oh! amada minha, eternas são as saudades e as lembranças que volteiam sem tréguas e remoçam no tilintar da fumaça que exala café de manhãnzinha pelas telhas de cavaco, pelo alguidá no girau, pelo pote com água da cacimba, pelo forte vento na ponta do bacurí e pelas caminhadas na roça até a casa de farinha. Quantas saudades amada minha sinto forte em meu peito que lateja delirante quando penso em ti. Bela morena dos olhos gatiados feitos de argila fatiada de vermelho e barrancos altivos e sombranceiros sobre a maré esverdeante e formosa, encrespada pela maresia e ondulada no balanceio terno das coloridas canoas, cascos e batelões que enfeitam sobremaneira tua pestana azul de anil como sopro de tuíra na memória viva de tua face meiga e serena. Como és linda Japerica. Sob o teu ventre deitei-me em oração num misticismo vibrante que acendia reluzente pelas badaladas solenes do sino a boca da noite. No debulhar piedoso por entre dedos calcinados e morenos, molhadas pelas lágrimas abundantes do amigo de sempre, a rezar de forma pungente o terço no solar do Livramento. Saudades imorredouras dos que já partiram, mas ecoam sonoros alaridos no silêncio da noite forrada de estrelas. Assim permaneces entre fatos, fotos e feitos com plenitude no meu coração, desejoso de rever-te um dia em solene comoção.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MESTRADO EM FILOSOFIA

Motivo de imensa satisfação para a comunidade filosófica da UFPa, o Mestrado em Filosofia, fruto do esforço dos colegas professores, especialmente da Profa. Elizabeth de Assis Dias, e da determinação para o avanço, a formação e a qualificação dos nossos discentes. Com início já em 2011.

Novos Mestrados - A Capes também aprovou dois novos cursos de mestrado da UFPA, Filosofia e Processos Construtivos e Saneamento Urbano. O primeiro, na modalidade acadêmica; e o segundo, na modalidade profissional.
O Mestrado em Filosofia é o primeiro da região, em uma área em que a UFPA, até então, oferecia apenas o ensino de graduação. O Mestrado Profissional em Processos Construtivos e Saneamento Urbano estende a oferta de pós-graduação do Instituto Tecnológico a candidatos inseridos no mercado de trabalho não acadêmico, provendo capacitação científica e tecnológica para a atuação em diferentes esferas dos processos produtivos no Estado do Pará.

ESSIENI, DIÁRIO DE VIAGEM X

Partimos de Boscheto às 11h, sob a despedida copiosa de Mama Rosa, naquele corpinho tão frágil, mas de uma energia impressionante. Sempre atenta às necessidades, esmerada, zelosa e dinâmica. Não parava um minuto sequer. Quando na cadeira descansando, estava catando ervas secas; quando no jardim, estava regando; quando na churrasqueira, estava catando gravetos.
Tiramos algumas fotos e partimos imersos de saudades.
No trajeto passamos por Spoleto e chegamos a Roma – a cidade eterna.
Almoçamos com o irmão de Paolo, Sandro e seu filho. Fizemos a sesta, e às 18:30 saímos para o nosso primeiro reconhecimento pela cidade.
Fomos até a fonte de Tirentino. Uma imagem colossal com Netuno, Hélio e um outro deus, representavam o poder da natureza. Os movimentos, a espessura e o tamanho das estátuas e do monumento abriam um espaço que compunha a fonte, que ao redor reunia pessoas que conversavam animadamente e tiravam fotos.
A fonte de água fria que jorrava abundantemente, saciava a sede e lavava as mãos e o rosto.
Saímos pelas ruas apreciando o encanto dos prédios em estilo clássico que nos remetia a Paris, com seus cafés, suas grifes famosas e a marca peculiar italiana dos músicos que pelas ruas tocavam para agradar aos turistas e aquinhoarem alguns dividendos por sua maestria.
Apanhamos o metrô, descemos no estacionamento do carro e fomos assistir ao festival de Verão de Roma, que acontece todos os dias durante quatro meses. A cada dia uma apresentação diferente de música do mundo inteiro. Uma grande consagração mundial. Ontem apreciamos músicas folclóricas da Calábria que, em alguns momentos lembravam toadas do sertão nordestino.
Retornamos para o apartamento numa fresca noite romana.
12/07/02

A COMILANÇA PARLAMENTAR

A nova legião de sinecuras parlamentosos adentram gabolas na nova legislatura, afinal, nada mal  as benesses estratosféricas da dinheirama aviltada do meu, do seu, do nosso bolso. Deixamos de investir no social para dar de mamar aos mamutes de ocasião. Vejam o absurdo da gastança e da comilança do parlamento brasileiro, sem conferir os perdulários estaduais e municipais. Coloque tudo num só balaio e provavelmente você cai duro para trás.
Enquanto nos países mais avançados, servir ao povo é sinal de comedimento, aqui por estas plagas, é sinal de extravagância e empáfia dissoluta. Não é a toa que a competição por cargos políticos reverbera uma encarniçada luta de ringue populesco e medíocre, mediante embuste e ciladas, quando os temas importantes e necessários para a sociedade e o país são explicitamente desviados para se ficar com as picuinhas. Além da ópera bufa que somos obrigados a assistir enfesados nas rádios e canais televisivos, a custa do erário público, temos ainda que lidar com esse escândalo monetário.
Por isso que o parlamento no país de macunaíma, no patropí, é uma mina de ouro, uma farta tesouraria para apaniguados a custa do erário esfolado e sacrificado, para sustentar a curriola política. Não gostaria de crer, mas tenho que admitir, que somos os sérvulos da babaquice grotesca que aplaude cabisbaixo esse circo de sanguessugas, cujo congrassamento simboliza de forma exemplar a sedenta ganância politiquesta. No Congresso Nacional, à  direita a Câmara dos Deputados com a bacia para cima, estes, estão comendo o dinheiro da nação e, o Senado com a bacia para baixo, estes, já comeram o dinheiro da nação, dizem nos burburinhos de Brasília. Por isso como diz Ruy Castro, são gratos ao destino, e que destino.

RUY CASTRO

Grato ao destino

RIO DE JANEIRO - O deputado Tiririca (PR-SP) começa a aprender o que fazem as pessoas no emprego que ganhou de 1,5 milhão de seus fãs. Se se aplicar, logo terá dominado tanto a etiqueta do cargo (que obriga a dirigir-se aos colegas como Vossa Excelência e, ao se referir a eles para terceiros, mudar o tratamento para Sua Excelência) como sua liturgia, composta de emendas, dispositivos, quóruns, regimes de urgência, adiamentos e a diferença entre o valor de um voto contra ou a favor de um projeto.
Mais difícil será, para o deputado Tiririca, lidar com o dinheiro de que, de repente, passou a dispor na sua vida pessoal. Habituado à instabilidade de empregos em mafuás, circos e TVs, ele se vê agora com um salário de R$ 25.703,00 -15 vezes por ano, sem possibilidade de atraso ou beiço. E, para não se sentir desenturmado fora do plenário, poderá povoar seu gabinete com funcionários até R$ 60 mil por mês.
Deputados não gastam dinheiro com gasolina, aluguel de carros e passagens aéreas. Muito menos com telefone, telégrafo, internet, estafeta ou pombo-correio. Uma verba extra de cerca de R$ 30 mil mensais cuida dessas despesas.
Aluguel, nem pensar: se o deputado Tiririca não aceitar morar num apartamento funcional pelos dois ou três dias por semana que passar em Brasília, receberá R$ 3 mil por mês de auxílio-moradia.
Se quiser exercitar seus dotes recém-adquiridos de leitura e escrita, o deputado Tiririca terá direito à assinatura anual de cinco jornais e revistas e a utilizar os serviços gráficos da Câmara, podendo imprimir anualmente o equivalente a quatro mil exemplares de 50 páginas, não importa se de textos técnicos ou poéticos.
Enfim, com um salário tão generoso e benesses nunca sonhadas, quero crer que o deputado Tiririca, grato ao destino que o colocou ali, periga ser o político mais incorruptível da história de Brasília.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

RECESSO

Caros Leitores,

O BLOG entre de recesso e retorna no ínterim entre o Natal e o Ano.

Muitíssimo Obrigado.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

QU'EST-CE QUE C'EST

Crônica interessante, esta apresentada pelo amigo manauense Lúcio Menezes, aonde transita o professor, a aula, o aluno, a questão e a resposta, que retorna na transversalidade da indignação irriquieta daqueles que são irremediavelmente cidadãos do mundo e, por isso, pensam e refletem de forma saborosa num contexto articulado entre passagens, lembranças e atualidades. Feito da escrita artesanal que os fiandeiros de palavras são capazes de urdir na tecitura ausente da folha, dando vivacidade e comoção, imprimindo indelevelmente seu registro digital. Uma viagem serena por linhas sinuosas que vibram entre si num acorde riquíssimo em diferentes e variadas notas. Vale a pena conferir.

Qu'est-ce que c'est
Tinha eu trinta anos de idade naquele ano de mil novecentos e oitenta e seis. Supondo que ainda pudesse aprender o idioma francês matriculei-me na Aliança Francesa. O professeur era um moço que devia ter no máximo vinte e dois anos de idade, cinco deles vividos na França.
A metodologia de ensino adotada era a de falar o mínimo em português, ainda que estivéssemos estudando o francês elementar.
Certa vez um dos colegas de sala, possivelmente com mais dificuldades que os demais, perguntou misturando francês e português: Professeur, s'il vous plaît (professor, por favor), qual o significado de Qu'est-ce que c'est?
O professeur com a irreverência dos jovens exemplificou, em português, da seguinte forma: “Eu estou dando aula pra vocês e me ausento da sala de aula para beber água, quando volto todos vocês estão nus (????). Minha reação óbvia será perguntar: Qu'est-ce que c'est?”.
A tradução literal é: O que é isso? Essa bizarrice daria uma crônica ao melhor estilo Simão Pessoa, mas não é o caso.
Qu'est-ce que c'est? Vai para todos os fatos que enojaram, chocaram, machucaram, decepcionaram, subtraíram ou nos entristeceram neste ano que se finda. Qu'est-ce que c'est? Vai, portanto, para o desastre ecológico no Golfo do México, para o terremoto que arrasou o Haiti e a epidemia de cólera que lá ceifou inúmeras vidas; para o mensalão do DEM de Brasília, para a Erenice Guerra, para a enchente que vitimou e desabrigou brasileiros de Pernambuco e Alagoas, para a possível volta da CPMF, para a prematura desclassificação da Seleção brasileira no mundial da África do Sul, para o Bruno, ex-goleiro do Flamengo, para as enchentes no Paquistão, Índia e China, para as queimadas no Brasil, Portugal e Rússia, para o tsunami e a erupção vulcânica que desgraçaram a Indonésia, para a não reeleição do Arthur Neto, para a eleição do Tiririca e outras tantas tragédias.
Caríssimos, que dezembro do próximo ano a história registre a redução substancial das catástrofes naturais, da emissão de gases poluentes, que finalmente o homem pense a água como bem finito, que semeie a paz, que cuide da natureza sem extremismos, que não se envergonhe de ser honesto e entenda, de uma vez por todas, que a atos perpetrados serão fatos consumados eternizados pela história. Desejo, por último, que ao fim e ao cabo de 2011, quando ou se alguém me perguntar: Qu'est-ce que c'est? Eu possa responder com a pureza das crianças contidas nos versos musicais do saudoso Gonzaguinha: c'est la vie et elle est belle et elle est belle... (É a vida e é bonita e é bonita...)
Lúcio Bezerra de Menezes
20/12/2010

ESSIENI, DIÁRIO DE VIAGEM IX

Almoçamos e a tarde fomos dar um passeio em Gúbio – uma velha cidade medieval em pleno esplendor. Ficamos maravilhados pelo encanto e mistérios de Gúbio. Ao chegarmos nos deparamos com as ruelas que ladeira acima nos levavam às casas e lojinhas encravadas por pedras e paredes maciças formando um bloco de rocha contendo formas, desenhos, volumes, ameias, ângulos, tudo simetricamente disposto, como numa sinfonia geométrica para enternecer o coração e encantar os olhos. Chegamos a Piazza de Consoli com um grande paço que encimado na montanha nos proporcionava uma vista indescritível e singular.
As montanhas naturalmente dispostas cercavam as muralhas que a cidade seguramente se abrigava contra invasões inimigas. A cor acinzentada, peculiar das pedras dava um ar de mistério, uma cor de penumbra misturava-se a colossal posição guerreira que de suas fortificações emanavam.
As janelas e portas quadrangulares, com os telhados e suas chaminés originais, juntamente com as portas de madeira maciça, remontavam a uma história de reis e vassalos, que se imprimia na arquitetura da cidade que se constituía em forma espiralar, com as ruas serpenteadas no interior da cidade por entre casarios, soteportegos, arcos e naves compostas de pedras.
O sol já descansava “trás os montes” como se diz na Itália e banhava de bronze a cidade de Gúbio, revelando os sonhos dos visitantes que se extasiavam com o aroma de uma civilização que deixou marcas de sua história e legou para a humanidade um patrimônio de raríssima beleza.
Estávamos no alto da fortaleza contemplando o infinito.
Como cinza misturada ao feno, o passado tinha um sabor seco ma minha memória.
11/07/02

A DEMAGOGIA BARATA

Mais um ato de populismo barato exala da Câmara Municipal de Belém com a anuência do alcaide invisível Dudu, que em vez de se preocupar com o abandono da cidade, marca indelével de sua administração e com a sujeira que nos assalta cotidianamente, promulga juntamente com os vereadores uma lei hipócrita. E ainda têem a cara de pau de anunciar que será de graça a passagem de ônibus em qualquer domingo mensal. Não estamos precisando de gratuidade um domingo do mês, estamos, sim, precisando de limpeza nas ruas, nas calçadas, nos bueiros, nas valas, nas praças, nas feiras, juntamente com uma ação de educação eco-ambiental, agregando ONGS, escolas, Centros Comunitários, Igrejas, enfim, tudo o que possa facilitar uma consciência crítica na organização, armazenamento, seleção e destino do lixo caseiro, dos montouros domésticos e dos entulhos de construção, bem como de higienização regular e frequente nos canais, e nos bueiros, infestados de roedores e insetos que trazem doenças e malefícios, avolumando-se desmesuradamente e causando mais prejuízo à saúde pública, onerando ainda mais o atendimento e precarizando sua ação.
Estamos fartos de demagogia barata e pose de empáfia calhorda, queremos respeito com o cidadão que paga devidamente seus impostos para usufruir dos benefícios do poder público. Que a Câmara Municipal e o Executivo Municipal dêem uma demonstração de respeito ao cidadão, ao usuário e ao contribuinte provendo as necessidades mínimas que esta cidade tão querida, mas tão mal amada pelos nossos políticos precisa.

Ônibus pode ser de graça uma vez por mês
Sexta-Feira, 17/12/2010, 02:03:452 comentários 
A CTBel terá que definir qual domingo do mês será de graça (Foto: Everaldo Nascimento)
O presidente da Câmara Municipal de Belém (CMB), vereador Walter Arbage (PTB), vai promulgar hoje (17) pela manhã a lei aprovada pela própria CMB que determina a catraca livre nos coletivos municipais um domingo de cada mês, como forma de compensação à população pelo perdão da dívida fiscal, no valor de R$ 86 milhões, que Executivo enviou para o Legislativo e que foi aprovado no início deste ano.
O prefeito Duciomar Costa (PTB) não sancionou nem vetou a lei, portanto, com a omissão do gestor, o autor do projeto e líder da bancada petista Otávio Pinheiro e vários outros vereadores articularam junto ao presidente da Casa a promulgação da matéria, como determina a Lei Orgânica do Município de Belém (Lomb), a fim de que o benefício à população seja efetivado o mais rápido possível.
O projeto foi aprovado dia 11 de novembro e deveria ter sido sancionado ou vetado pelo prefeito em um prazo de 15 dias e ainda ter sido publicada a manifestação do prefeito à matéria no Diário Oficial do Município.
Segundo Pinheiro, será uma forma do poder Legislativo contribuir para beneficiar a população, prejudicada com a queda da arrecadação do município, a partir do benefício fiscal concedido pela prefeitura às empresas de ônibus urbanos. Além do perdão da dívida, também houve a redução da alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS) de 5% para 2% cobrado das empresas de ônibus.

sábado, 18 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL

Costumo todos os anos enviar uma mensagem natalina para os amigos. Todos os anos repito este gesto, porque sempre o natal se repete, ainda bem. Seria muito sem graça se não o tivéssemos. Aliás tudo seria sem graça se não tivéssemos a simbologia de passagem, pois nestes momentos tudo se renova e se felicita, nos traz ânimo e entusiasmo, nos rodeamos de amigos, nos abraçamos, nos cumprimentamos, porque ainda estamos juntos e vivos. Isso é um bálsamo para a alma, a despeito de qualquer crença, seja ideológica e/ou religiosa, não importa. O interessante e especial, é o fato de compartilharmos esses momentos tão significativos. Por isso desejo de todo o coração a todos os amigos e leitores do PALAVRA AVULSA, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!

Ao passar pelas ruas iluminadas e nuas,
sinto correr no corpo um calmo descanço
de rede ao relento balançando.
São as chamas do Natal
que invadem silenciosas,
anunciando tão formosas,
o nascimento de Jesus.

ESSIENI, DIÁRIO DE VIAGEM VIII

Sinuosa a estrada que sobe para a cidade de Assisi. Como peregrinos fomos visitar o túmulo de São Francisco e Santa Clara, nos seus respectivos santuários.
Assisti a missa em espanhol e em seguida descemos para a cripta mortuária. Ajoelhei-me e tocando na pedra de seu túmulo, chorei copiosamente e agradeci a Deus pela graça desta oportunidade.
Misticismo, preces, orações e visitas, formavam um rosário de oferendas e sacrifícios que ecoavam pelas naves altas e espaçosas, brilhavam nos granitos e mármores das Igrejas.
Caminhávamos pelas ruas enladeiradas, subindo ou descendo em torno das casas medievais, construídas pedra sobre pedra que retornavam ao passado, calcado por homens e mulheres santificados e mortificados pela fé. A fé católica legitimada pelo Filho de Deus e, genuinamente inaugurada, como marca indelével que o poverelo de Assisi atraía sobre si, uma vasta multidão de peregrinos do mundo inteiro.
A cidade construída pedra sobre pedra, formava-se em degraus que provinham do subterrâneo e em movimento espiralar, entornavam a montanha até chegar a grande fortaleza que ficava em seu topo.
As paredes largas e maciças davam a idéia de máxima segurança, de construção inabalável com seus portões de madeira compacta, alto e largo.
Suas entradas formavam torres maciças com alguns desenhos que lhe davam realce, melimetricamente traçadas em mosaicos de tijolos unidos entre si por linhas quadriculadas.
Retornamos a Boscheto. Mama Rosa já havia se recuperado do mal estar do dia anterior, em função do efeito colateral do remédio que havia tomado para osteoporose.
Paolo e eu, passamos no supermercado e compramos carne de carneiro para o churrasco que faríamos no jantar.
Prazerosíssimo o churrasco, embalado ao som de uma música dançante e uma tarde crepuscular, cor de açafrão que abraçava aquecidamente as montanhas de Boscheto.10/07/02

PUNHO ATADO


A sociedade brasileira clama pela reforma Tributária. Não aguentamos mais a extorsão a que somos vítimas pelo governo. Todos reclamamos, mas o primeiro a não votar a reforma Tributária, o Congresso Nacional, é uma vergonha neste país de assalariados. Ao apagar das luzes aumentam seus soldos de forma acintosa e ainda tem a cretinisse de dizer que não é nada diante do percentual exíguo das despesas orçamentárias. Parlamentar não é para ganhar dinheiro, é para servir à sociedade, não é para esbanjar é para trabalhar em prol do bem comum. É por conta de políticos perdulários e dissolutos que ficamos a mercê de larápios e espertalhões. Nós já estamos fartos dessa gastança desmesurada e predadora que atinge não apenas a nossa cidadania, como também reflete-se na usura alheia.
O exemplo provém das altas esferas do poder e, todos nós percebemos a ganância canifraz dos políticos de plantão que se aproveitam para tripudiar a sociedade que lhes confere poderes para governar com o fito de legislar e governar para todos. No entanto o que se observa são ações que visam tão somente o benefício próprio, enquanto os outros pobres mortais precisam viver de pires na mão para sobreviver com dignidade.
Os barnabés, então, principalmente aqueles que estão nas academias que preparam e formam os políticos, os magistrados, os empresários e os demais profissionais, vivem à torniquete salarial e ainda, sofrem na fonte o golpe certeiro do leão que lhes subtrai até mais de 50% dos proventos em final de ano, sem que se possa fazer absolutamente nada. Quantos impérios e quantas civilizações não caíram por conta dos impostos escorchantes que suprimiam o necessário e deixavam na miséria tantos indigentes. Até quando vamos assistir a esse espetáculo deprimente que gera sonegações, corrupções e indigências. Não podemos mais postergar essa violência institucionalizada, faz-se urgente o novo Congresso se debruçar sobre as reformas que tanto necessitamos para ontem, em especial a Reforma Tributária, que ousem nos redimir do aperreio econômico e das dívidas creditícias tão em voga por estas plagas.

Brasil é o emergente com mais carga fiscal
Carga tributária de 34,5% do PIB é maior também que a de países desenvolvidos como EUA, Reino Unido e Suíça
Neste ano, carga volta a aumentar no Brasil, com novo recorde; sem correção do IR, em 2011 haverá nova alta
MARCOS CÉZARI
DE SÃO PAULO

A crise econômica mundial, iniciada em setembro de 2008, reduziu em 2009 a carga tributária na maioria dos países industrializados.

Segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a carga tributária média na região, que em 2008 era de 34,8%, caiu para 33,7% no ano passado. Em 2006 e 2007, estava em 35,4%.
No Brasil, a carga tributária teve queda de apenas 0,2 ponto percentual, de 34,7% em 2008 para 34,5% no ano passado, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).
Mesmo com essa queda, o país subiu quatro posições no ranking dos países que mais tributam os contribuintes. Segundo o IBPT, tomando por base o ranking da OCDE, o Brasil ocuparia o 14º lugar em 2009 (era o 18º em 2008), ficando à frente do Reino Unido, da Espanha, da Suíça e dos Estados Unidos.
A "subida" do Brasil no ranking ocorreu porque outros países -Reino Unido, Islândia, Holanda e Portugal- tiveram reduções maiores em suas cargas fiscais.
A carga tributária (ou fiscal) é a soma de todos os tributos (impostos, taxas e contribuições) pagos pelos contribuintes em relação ao PIB (Produto Interno Bruto).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ESSIENI, DIÁRIO DE VIAGEM VII

Despertamos na serra de Boscheto ao frescor das montanhas e o canto dos pássaros.
Após o banho fomos mangiare os bolos de Mama Rosa com um delicioso café com leite.
Paulo e Denise haviam saído para levar o carro na oficina e fazer compras para o almoço. Tudo muito tenro: as verduras colhidas na horta de Mama Rosa, com alguns legumes e a ricota fresca que Paolo trouxe da mercearia; ferveu por alguns minutos os tomates e, com muita leveza retirava a pele fina para fazer o molho da massa. Depois adicionou mussarela fresca, salsa e alfavaca colhida na horta numa composição a la Monet. O almoço estava delicioso ao sabor de um vinho branco da serra.
Estava presente um casal de amigos de Paolo: Franco e Gabriela, que conversavam bastante durante o almoço. Eu e Rute pouco falamos, pois não dominávamos o italiano, apenas pronuncio algumas palavras. Valiosas palavras por sinal que me fazem resolver algumas situações.
Fomos depois sestar e despertei com o ruído de Alésio e Izadora brincando no pomar. Com Alésio saí pela manhã e fomos até a plantação de feno para apreciar o panorama das serras, que desenhavam várias formas e davam vários tons de acordo com a plantação e a geometria de seus traçados.
Tudo é muito encantador, revelando-se em sentimentos e emoções de muita paz e muita liberdade. Nada igual, nada parecido. Tudo se inova e se revela inusitadamente.
Bela Boscheto tão meiga, tão carinhosa, tão acolhedora. Teu corpo esverdeado e oblongo em vários gomos desenhado, se deita e descansa como tapete na terra da Úmbria.
Saímos a tarde para um passeio de reconhecimento até a Igrejinha que se encontrava fechada. Sentamos no banco de pedra e em torno reinava absoluto silêncio, quebrado apenas pelo marulhar das águas no córrego que desciam da montanha.
As fontes de água que encontrávamos eram sempre motivo para molharmos as mãos e sentirmos o frio enregelante na pele.
Mais tarde fomos ao ristorante “Il Roseto” e sentamos em uma mesa que se localizava num deque sobre um laguinho – viveiro de trutas que solenemente nadavam. A noite era fria, estávamos agasalhados e saboreamos um prato de massa com “tartufo”, uma erva que nasce no sub-solo das montanhas que tem grande valor afrodisíaco e sabor terroso.
Depois retornamos à casa pela noite silenciosa e fria, caminhando pela rua densamente arborizada em forma de túnel. A escuridão nos cerrava a visão, só víamos as estrelas e sentíamos o frio do sereno.
Enquanto as meninas foram dormir, Paolo, Franco, Gabriela e eu, ficamos no pátio recitando poesias em louvor aos poetas e a noite que se estendia sobre as montanhas na Úmbria.

09/07/02

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

O embaixador americano tem toda a razão. Essas regiões distantes da capital e embrenhadas nestes rincões da selva amazônica são terras sem lei, aonde a jagunçada e pistoleiros imperam a mando de fazendeiros ignorantes e gananciosos que só querem auferir lucros em benefício próprio numa barbárie cruenta de sangue e morte. O caso Stang é emblemático desta situação que não é a única, várias Doroths estão sendo ceifadas todos os dias nesta terra sem lei. Como a Stang era missionária católica romana e americana, de certo que a repercussão do caso foi internacional e envolveu portanto não só o governo americano, quanto o Vaticano. Mas, muitos mártires anônimos tombam todos os dias sem que isso cause qualquer repercussão e são enterrados a meio palmo do chão nas encostas do latifúndio da discórdia.Sabemos disso graças as revelações inusitadas do WikiLeaks que escancarou as espionagens americana sobre os governos e o mundo, numa clara demonstração desafiadora ao império Yank que diz prezar pela liberdade de expressão em plena democracia. Este é o teste vital para o regime americano que está criando por todos os meios embaraços para Assange ser preso, numa atitude prepotente e arrogante, cujo desmascaramento soterra a política democrática americana. A liberdade de expressão tem que ser preservada quando a verdade é anunciada, deve ser coibida quando fomenta a mentira e o embuste. O que não é o caso.Duas lições devem ser anunciadas: o descaso da lei nos rincões paraenses produto da falta de política consistente, de governos incompetentes para agir e um judiciário estadual lerdo, assim como os meandros da espionagem americana para o controle e submissão dos países demonstram, a fragilidade das leis no Brasil e a fragilidade dos sigilos americanos. Para além disso, o cerco que os hackeres assestaram sobre o governo americano demonstra que a guerra não é mais com fogo, é com os botões. Mas, o mais inusitado desta ópera bufa, está no apoio de várias celebridades para pagar a fiança e a eleição pelo Times como a personalidade do ano 2010 de Assange, numa clara resposta a hipocrisia do governo americano. Enquanto o Brasil, via Pará lamentavelmente recebe zero no caso Anapú e merecidamente.

15/12/2010 - 07h00 Ex-embaixador dos EUA afirma que Pará parece o 'Velho Oeste'

PublicidadeUIRÁ MACHADODE SÃO PAULO John Danilovich, ex-embaixador dos EUA no Brasil (2004-2005), afirmou em telegramas diplomáticos que o Pará se parece "com a imagem popular do Velho Oeste": "isolado, pouco povoado" e uma terra "sem lei". A visão é expressa em relatos sobre a morte da missionária Dorothy Stang, americana naturalizada brasileira. Stang foi morta em fevereiro de 2005, aos 73 anos, alvo de seis tiros, em uma estrada de terra perto de Anapu (750 km de Belém), por denunciar a grilagem e o desmatamento ilegal. Cinco pessoas foram condenadas pelo crime.A Embaixada dos EUA no Brasil produziu nove relatórios sobre o caso nos três meses seguintes ao assassinato, e pelo menos outros seis foram elaborados até 2008. Os telegramas foram obtidos pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch), que teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado aos documentos. Nos relatos do ex-embaixador, há elogios ao governo federal, cujo empenho foi considerado "vigoroso" sob "qualquer ponto de vista". Mas Danilovich manifesta preocupação com a Justiça do Pará e sugere que a federalização do crime seria a melhor solução.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SANTOS NO MUNDO

Pois é caro Madoglio, gostaria imensamente de aprender diariamente as mensagens do Senhor da vida, mas as vezes me sinto árido por causa do estresse diário. Vejo que podemos ser santos, mais santos que os que ficam enclausurados, pois o nosso esforço tem que ser maior.

Não é fácil viver o evangelho aqui fora, principalmente quando você tem inúmeros afazeres. Mas, o mundo está precisando loucamente de santos. Como podemos sê-lo? Eis a questão!
Ainda pouco conversando com o meu dentista, falávamos da relação do homem com o poder. É uma coisa alucinante. As pessoas perdem a compostura, ficam desonestas, delatoras, opressoras, em qualquer esfera e, hoje em dia é cada vez mais intensa essa atitude, talvez porque a informação seja mais avassaladora. O certo é que pela fraqueza de espírito somos levados a sermos dissolutos.
Mas a santidade que eu falo não é a divina. Falo em sermos honestos, diligentes, amorosos, acolhedores para semearmos a paz e a concórdia entre todos. Basta sermos educados. Mas como ser educado entre deseducados e grosseiros. Aí é que está o x da questão. Somente aqui é que podemos experienciar a santidade, pois ela é uma vontade natural sem qualquer apoio disciplinativo e normas ascéticas. Somos mais capazes de ser santo na vida profana que na religiosa.
No mundo é difícil viver a santidade, este é o grande desafio. Ser cristão é vivenciar a caridade conosco e com os outros: respeito, educação, ajuda, polidez, generosidade, enfim tudo aquilo que nos engrandece. Mas sempre uma busca incessante, jamais o alcance pleno. Por isso precisamos testemunhar a santidade mais que nunca, pois o mundo está sedento disso.
O fato é esmorecermos facilmente porque somos engolidos por uma turba ensandecida que nos abdussiona irremediavelmente, por conta de nossa fraqueza, pois estamos longe de Deus, porque o renegamos sempre, seja com a nossa ausência, seja com a nossa omissão, seja com o nosso descaso. Nos individualizamos de tal modo que o nosso egoísmo é a regra de nossas ações. Temos muito medo do mundo, porque nos afastamos de Deus. Para nos aproximar não precisamos de carolice, de viver nos cultos ou nas missas, de ficar orando com a bíblia em punho ou o terço debulhando entre os dedos ou ainda na biqueira de igreja. Não é disso que eu falo. Eu falo de atitude, de comportamento, de eticidade, do bom convívio e da paz. Só isso e, isso é uma imensidão.

ESSIENI, O DIÁRIO DE VIAGEM VI

                         Saímos de Veneza pela manhã no carro que Paolo havia alugado para andarmos durante a viagem.

          O panorama da estrada era belo com as plantações de parreiras, do milharal, das oliveiras e do feno que dava uma especial tonalidade impressionista.
            Chegamos a Firenze, já fatigados e ficamos por algumas horas para conhecer o centro. A bela eclésia de Sta. Maria di fiore, construída a partir do início do séc.XIV, as carruagens que iam e vinham com seus belos cavalos pelas ruas revestidas com pedras de ardósia.
            O pavilhão com as belas estátuas em mármore branco, chamavam a atenção pelos seus traços colossais, seus gestos efeminados e seus movimentos perfeitos: Hércules lutando contra o centauro Nesso, era de rara beleza; Menelau socorrendo Pátroclo, impressionava pelo seu movimento e o Romano raptando as sabinas parecia muito vivo. Dentre os mais belos contemplei Netuno e seus sátiros de bronze sobre seus cavalos que trotavam velozmente, ornavam uma grande fonte que jorrava água abundantemente.
            Partimos pela auto-estrada, atravessamos o rio Arno e passamos pelo lago Trasimeno, aonde se deu à batalha entre Aníbal, o cartaginês e as legiões romanas.
            Aníbal montado em seu belo elefante, trotava em batalha munido de escudo boleado em ouro e prata, capacete com relevos heráldicos e a espada que bradava para o alto nas mãos em punho. Bela rememoração nos vãos que  escapam do passado e retornam ao presente num feixe de delírio.
            Adentramos na região da Úmbria e chegamos a Boscheto, na casa de Mama Rosa que nos esperava ansiosamente, em seu bangalô situado no alto da serra, entrecortada por ruelas e vias sinuosas, íngremes e belas.
            Foi uma noite maravilhosa.
08/07/02
 Fontana de Nettuno

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

RARA BELEZA

Impressionado fiquei com a produção artística de Levy Hu, artista plástico sediado em Monte Verde MG. Seus traços esfumaçantes e calmos transpiram formas tênues que se entrelaçam em formas perenes de um mosaico calcinado pelo tempo imemorial e primigênio que permanece latente entre sombras
pálidas, contornos lânguidos e silenciosos como sonhos ancestrais . A ausência do brilho realça a luz ofuscante numa ousada e rara beleza que a suavidade dos pontos costuram serenamente o sentimento despojado e belo, expressando a delicadeza e a simplicidade dos traços copenetrantes em reentranças sincrônicas de tons cálidos e sublimes numa busca reminiscente de um espaço longinquo e muito presente. Vale a pena conferir. Seu blog: www.monteverdequadros.blogspot.com.

quadro: casa-sítio volveri 003

domingo, 12 de dezembro de 2010

ESSIENI, O DIÁRIO DE VIAGEM V

Na estação Sta. Lúcia de Veneza chegamos às 8:25. Paolo Carlucci nos aguardava ansioso, principalmente por Denise, já fazia tempo que não se viam. Foi sem dúvida acolhedora a espera de Carlucci acenando para nós.

Fomos direto ao Porto, descendo as escadarias com as malas, até a balsa de espera pelo barco que nos levaria a outro porto.
Veneza belíssima descortinava-se maravilhosa. O casario que forrava suas bordas, datadas a partir do séc. IX dC., quando os romanos fugiram da invasão dos bárbaros, refugiando-se nas centenas de ilhas que formam os arquipélagos venezianos.
Descemos com a mala no porto e seguimos pelas ruelas estreitas e labirínticas, subindo e descendo escadas até chegarmos ao hotel Sto. Giorgio, que fica no Campo de San Maurizio. Deixamos as malas e saímos para o primeiro reconhecimento de Veneza. Ao atravessar a grande ponte de madeira da Academia, por onde circulam os turistas, demo-nos com um protesto de barqueiros, que segundo Paolo, protestavam contra o aumento de tributos que afugentaria os turistas. Um protesto politicamente correto, pois o grande beneficiado seria o turista.
Chegamos ao café, logo ao pé da ponte e apreciamos a beleza relicária de Veneza, com seus casarios revestidos de travestino e terracota, intermediados por palácios em colunatas e estátuas de mármore branco que pertenciam a famílias aristocráticas.
Após o café, seguimos pelas “callas” labirínticas, pelas Parochias, pelas ruas e pelos Sotoportegos, com a cidade acordando e o burburinho expandindo-se pouco a pouco.
Entramos na Igreja de San Rocco, séc. XV ornada com belos quadros de Tintoreto, toda trabalhada em mármore e granito, com suas colossais colunas vigorosas e uma capela ao lado direito para adoração ao Santíssimo. No esplendor do ostensório rodeado por relicários de vários santos, rodeados por navetas, pela bela coroa do Espírito Santo e por turíbulos que respiravam incensos como preces.
 Ajoelhei-me e rezei, agradecendo aquele momento tão marcante em nossas vidas. Eu e minha família e amigos, unidos e felizes.
 Adentramos na Piazza de San Marco e defrontamo-nos com uma arquitetura clássica formada por dezenas de naves, dezenas de lojas e cafés; uma seqüência de janelas com bordas árabes e milhares de pombos que vinham ciscar os grãos de milhos em nossas mãos.
Orquestras em vários pontos tocavam harmoniosamente ao compasso do violino e do piano – uma cena singular.
A basílica de San Marco emergia com plenitude e esplendor com suas cúpulas, formando três imensas abóbadas bordadas por pedras revestidas de ouro, desenhando imagens bizantinas de rara beleza. Meus olhos marejaram-se de lágrimas que se ocultavam pelas escuras lentes de meus óculos. Tudo era muito belo, muito solene, muito encantador, circulando pelas Callas de Veneza. Apreciávamos as vitrines com as máscaras carnavalescas, muito bem trabalhadas e dispostas em painés, formando mosaicos coloridos em diversos detalhes.
Entramos num Café e tomamos duas garrafas de Proseco, uma bebida achampagnada em taças cônicas, para um brinde especialíssimo.
Retornamos ao hotel e, a cada ponte por onde passávamos, os casais românticos passeavam nas gôndolas .
Fomos deitar para sair mais tarde, às 18:30, e recomeçarmos nossa jornada.
Passeamos e fomos jantar no Ristorante “Da Bruno”. Um jantar completo de mariscos, talharim, peixe, salada e proseco. Vivenciamos as Bodas de Canaã de Raphaelo que se encontrava no Museu do Louvre em Paris. Foi prazeroso o jantar na Cantina Italiana, bem como a recepção que nos foi dispensada pelo detalhe das rosas vermelhas que presenteadas foram as nossas mulheres, Rute , Izadora e Denise.
A noite já havia chegado, passamos pela Piazza de San Marco, ouvíamos as baladas dos sinos e sonatas de piano pelas Callas de Veneza, incensadas pelo aroma de charutos que esvoaçavam invisíveis pelos labirintos secretos, a sua fumaça.
07/07/02

II ENCONTRO DE FILOSOFIA DA MENTE

Realizou-se no período de 08-10 de dezembro na Universidade Federal do Pará, o II Encontro de Filosofia da Mente e Ciências da Cognição, organizado pelo Prof. Dr. Luiz Eduardo Ramos da Faculdade de Filosofia. A sua temática novíssima para nós aqui em Belém do Pará e, nova no âmbito do conhecimento filosófico e neuro-científico proporcionou um novo conhecimento acerca do que se investiga nesta área.
O embate entre a filosofia da Mente e a Ciência é permanente, entre a significância do conceito e as reações fisico-quimicas cerebrais. Uma das questões interessantes e exóticas que se postulou neste Encontro partiu da Profa. Dra. Márcia Regina Viana da Universidade Estadual Norte Fluminense sobre "Neurofisiologia e existencialismo: um diálogo possível?". A questão central discutida deu-se a partir do conceito de Liberdade em Simone de Bovoir. Seria possível uma reação fisico-química que definisse a liberdade para tomadas de posição organicamente? De certo teríamos aqui um reducionismo bio-quimico de uma faculdade singularmente arbitrária. Seria arbitrário ao sujeito decidir sobre seu destino ou seria os componentes fisico-quimicos arbitrários para decidir pelo sujeito? Ou ainda não haveria distinção entre ambos e assim cairíamos num generalismo? Enfim questões postas pela controvérsia das ideias que suscitam dúvidas e calorosos debates, eis a grande riqueza do embate filosófico no diálogo com a ciência.
Além de todos os participantes que trouxeram valiosas contribuições, destaco a Profa. Dra. Eunice Gonzalez da UNESP de Marília, "Redes neurais artificiais: alcance e limites no estudo da cognição situada e incorporada", um estudo acerca da inteligência artificial ou robótica, cuja pretensão seria a capacidade possível de transferência de sentimentos e emoções cibernéticas à máquina, uma vez que é feita pelo homem. Qual a possibilidade que o homem teria de realizar tal transferência? Vejam portanto que a temática é bastante inusitada e ousada.
Mas também tivemos, assuntos mais brandos para quebrar um pouco a sisudez do maquinário fisico-quimico das redes neurais, tipicamente antropomórficas. Desenvolvemos também abordagens antropocêntricas acerca da Mente Primigênia em Giambattista Vico com a participação do Grupo de Pesquisa Viquiano que trouxe grande contribuição na ampliação do debate e das informações delineadas. Realço o confronto estabelecido entre a Scienza Nuova e a Ciência Contemporânea na área da linguagem a partir do arcabouço que compõe a Mente Primigênia na sua constituição e maturação para o conhecimento, tendo a Imaginação como elemento primordial de alcance representacional e desencadeador da formação e ordenação do mundo.
Primou-se desse modo pela diferença nas várias abordagens apresentadas, promovendo os contrastes e controvérsias enquanto alimentadores naturais dos debates e troca de informações ocorridas. Parabéns Prof. Luiz Eduardo. Valeu!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ATITUDE

Margaridinha querida. O Atitude veio pra ficar. Ele nos proporciona o lado mais nobre da vida, a caritas, que é o amor despojado, sem compromisso, sem cobranças, o amor providentino que a natureza nos proporciona pela Garça do Altíssimo. Nos proporciona também a capacidade de que o mundo não é apenas disputa, poder, violência, rancor, mas sobretudo partilha, doação, altruísmo. É disso que realmente precisamos e nos sentimos muitíssimo bem. Continue apostando no Atitude, pois vale a pena tudo o que você plantou. Desistir nunca!

ESSIENI, O DIÁRIO DE VIAGEM IV

          Saímos do hotel direto para o café na Rue du Temple, saboreamos baguetes e croisans fresquinhos, com ovos fritos salpicados com sal fino. Depois descemos a rua espreitando as pessoas que passavam com os passos estugados e belas vestimentas. As francesas tradicionais com suas vestes em tom sobre tom (degradé) desfilavam visivelmente ressabiadas à “ Le Pen “.

            As mansardas tão belas sobressaiam-se nos chateux com suas bordaduras e cornijas trabalhadas, solenemente enfeitando os telhados inclinados de ardósias escuras, aldravas de bronze e cobre davam um brilho especial nos grandes portões de entrada dos átrios.
            Paris com suas ruelas sinuosas e estreitas, boceja em labirintos e embriaga-se com os vinhos Bordeux, Sto. Emilion, champagne e charutos que exalam odores deliciosos.
            Subimos no ônibus e descemos no museu Dorsay em visita aos impressionistas Monet, Van Gohge, Touluse, Lutrec e Renoir. Sua nave central em granito liso e frio, dispunha de belas estátuas em mármore branco, destacando-se Narciso e Napoleão Bonaparte montado em seu cavalo Bucéphalus. O teto em vidro fosco ornava em forma de abóbada os vitrais que iluminavam o grande salão pela luz do sol. O relógio dourado, uma gigantesca esfera, chamava a atenção dos que por lá passavam. Tamanha era a riqueza de seus detalhes e o esplendor de sua beleza.
            Procurei sala a sala, nave a nave e, para a minha decepção não encontrei o que mais buscava admirar, talvez esteja no Metropolitan em Nova York.
            As “meninas de rosa e azul“ de Renoir e as “ botas envelhecidas “ de Van Gohge. De certo que tudo o que havia visto não havia apaziguado minha decepção. Dorsay tornou-se menos interessante.
            Apanhamos o ônibus e fomos para Saint German – um belo bairro de estilo, com suas lojas de grife e seus caros cafés. Saímos caminhando pela calçada apreciando o movimento e chegamos a Praça de Sartre e Bovoir. Entramos na Igreja, rezamos juntos e saímos para trocar dólares no câmbio.
            Em seguida sentamos no Café Saint German e fomos atendidos por um garçom português que nos facilitou os pedidos. Tomamos um vinho tinto delicioso e partimos para a Igreja do sagrado Coração que fica no alto de Mont Martre, num táxi dirigido por uma simpática Madame francesa. Ao descer nos demos conta que havíamos esquecido as sacolas de compras no Café em Saint German. Demos meia volta e retornamos um pouco tensos. Conseguimos de volta as sacolas e no mesmo táxi partimos para o hotel ouvindo Tom Jobim no rádio. Fiquei cheio de orgulho e cantarolava por me sentir naquele momento, brasileiro.
            Chegamos no hotel, apanhamos as bagagens e fomos direto para a estação de trem, pois embarcaríamos às 20h para Veneza, deixando Paris tão viva na memória dessas letras mortas.
            Neste momento estamos no vagão do trem, num camarote com quatro camas estreitas, ar condicionado e uma luz acesa que me proporcionou claridade para escrever. Denise no beliche superior esquerdo, Rute e Izi no beliche de baixo à direita deitam-se agarradas, sonhando, quem sabe, no amanhecer em Veneza.

06/07/02 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ESSIENI, O DIÁRIO DE VIAGEM III


         França, França, França. Quantas saudades sentirei de ti, querida Paris.

         Após o banho, descemos e fomos tomar café na rua próxima ao hotel. Em Paris se faz um delicioso Croissan; a água bebe-se da torneira, tal o seu grau de pureza; quando escorre pelo corpo desce como água gasosa.
        Partimos para mais uma jornada. Subimos no ônibus e fomos apreciando os prédios de estilo neoclássico em cor marfim até à torre Eifel, com seus tentáculos gigantescos talhados a ferro. Chovia e, Paris completamente molhada. O frio refrescante estancava-se no pulôver e sobre a minha boina preta grudavam-se gotas de chuva.
       Chegamos ao café próximo ao Panteon, tomamos uma garrafa e meia de vinho Bordaux tinto com uma porção de queijos sorventes (fromage) e em seguida entramos no Panteon a fim de admirar os mausoléus e túmulos dos personagens famosos da França.
        Visitamos Russeau, Voltaire, Vinot e o pêndulo de Foucault, entre outros. Empertigadas e solenes, as colunas com seus sulcos ornamentais perfilavam majestosamente e, aos pés a escadaria em pedra nobre, ornava a sua base.
        O que chamou a atenção, foram as entradas dos chateux, por onde adentravam as carruagens de outrora no átrio, com seus portões monumentais de larga espessura guarnecidos por parafusos que formavam bordaduras entre alcochoados e aldravas de metal antigo. Continuava chovendo, pegamos um táxi e voltamos para o hotel na Rue Platre , 8, em Maire-Paris.
     O rosto iluminado pelo pincel de Durssel, simplesmente magnífico – madame L.

05/07/02

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

IMPRENSA CRUEL

Sr. Roberto Muylaert,

Sobre seu artigo publicado hoje na FSP. Concordamos que a liberdade de imprensa tem que ser preservada, concordamos também que a Constituição prevê em suas leis, restrições às infringências de seus princípios. Mas gostaria de falar no marco regulatório que parece-me, é outra coisa, cuja eficácia é decisiva.
Será que com tantas leis o Judiciário necessitaria de um CNJ, os aeroportos de ANAC, as Comunicações de uma ANATEL e assim por diante. Talvez na sua visão sejam excrecências, mas que ajudam a acelerar e a responder expeditamente, não tenha dúvida.
Imaginemos um simples cidadão que tenha sido atingido na sua moral por um determinado jornal e esperasse pela constituição, quanto tempo levaria para obter uma resposta? Rememoremos aquele fato de muitos anos atrás daquele casal que tinha uma escola para crianças em São Paulo e, foram acusados injustamente e linchados pela imprensa. Perderam tudo, fecharam as portas e, até aonde eu sei, ficou por isso mesmo. Nas eleições então, nem se fala. As avaliações e manchetes tendenciosas por este ou aquele candidato em detrimento do outro em escancaradas segundas intenções, realçando pilhérias, inverdades e deboches. 
A liberdade não pode ser vista como desrespeito, tripudiação e mentiras. Isso não é mais liberdade e sim delito e,  como  tal,  precisa de uma resposta imediata. Por isso uma regulação é não só pertinente como também necessária.
ROBERTO MUYLAERT
FSP/7-12-2010
Afinal, a liberdade de expressão está ou não em perigo no Brasil? O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, afirma que "os jornalistas andam vendo fantasmas: não há obstáculo à liberdade de imprensa no país".
Carlos Ayres Britto, ministro do Supremo Tribunal Federal, destaca, com saber jurídico e fala mansa, que a Constituição Federal garante a liberdade de expressão em seu artigo 5º e reforça esse direito no artigo 220, ao reafirmar um princípio que garante o próprio funcionamento do regime democrático.
Hoje, as ameaças à liberdade vêm do Judiciário, em que alguns juízes proferem sentenças que não expressam o que pede a lei maior, que é a Constituição Federal.
Nesse sentido, houve 24 casos de censura pelo Judiciário desde o fim da Lei de Imprensa, e 44 projetos de lei estão no Congresso Nacional buscando restringir essa liberdade, até porque os poderes em geral não gostam de críticas a seus atos, preferem elogios.
Por isso, sentem-se injuriados pelo noticiário e estão sempre se queixando das coberturas "injustas", esquecendo-se de que cabe à imprensa oferecer alternativa à versão oficial dos fatos.
É interessante que, quando surgem malfeitos no governo, denunciados pela imprensa, a primeira reação do setor atingido é de indignação. Mas as figuras públicas implicadas acabam afastadas, apurada a procedência da denúncia.
A imprensa no Brasil é livre, restando as opções editoriais adotadas pela chamada mídia, na imprensa escrita, ou no espaço público mediado por interesses privados, que deveriam ser explícitos, como acontece com muitos veículos no exterior e com alguns no Brasil.
Mais ameaçada está a liberdade de expressão, que abrange o direito de anunciar, essencial para a viabilidade econômica de uma imprensa livre. Ninguém pode ser contra restrições a impropriedades no marketing de um produto, com prejuízos para a população, apesar da ação do sempre elogiado Conar, que soluciona questões da publicidade pela autorregulamentação.
Há assuntos de interesse da sociedade que podem ser regulamentados, como nos casos da publicidade dirigida a crianças e da forma de divulgar alimentos e medicamentos. Mas não do jeito que está sendo feito hoje, em que um órgão regulador do Ministério da Saúde reúne poderes de normatizar e de punir infratores de acordo com seus critérios, às vezes abusivos.
Garantida a liberdade de imprensa, preocupam a sociedade alguns temas da Constituição que aguardam regulamentação há 22 anos, no momento em que as empresas de telecomunicação desejam entrar no setor de TV a cabo.
É preciso saber como reagirá o novo governo às ameaças não concretizadas, mas sempre tentadas, de controle social da mídia, que ninguém sabe direito de que se trata, mas que coisa boa não deve ser, tanto que o próprio ministro Franklin Martins é contra.
Também é preciso saber o que será feito das resoluções da Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), que reuniu movimentos sociais de todas as naturezas, município por município, com ranço daquele PT antigo rejeitado nas urnas por longo período, em que são triviais as ameaças à livre iniciativa. Conforme Ayres Britto, "a liberdade de imprensa é irmã siamesa da democracia". 

ESSIENI, O DIÁRIO DE VIAGEM II

Ontem não tive tempo para escrever. Enquanto esperamos Denise, escrevo sentado no hal de entrada do hotel, ao som da voz de Jean Philipe.
  O dia ontem foi agitadíssimo, saímos e tomamos café e em seguida caminhamos para o majestoso Museu do Louvre, aguardamos Denise no belo átrio, sentados à beira da fonte e não cansava de contemplar aquele magnífico prédio iniciado no séc. XVI e construído pavilhão a pavilhão por vários reis e o imperador Napoleão I, encerrado por Napoleão III, por fim a marca indelével de Miterrand com as pirâmides de vidro no entorno do museu.
            Tocava com as mãos ansiosas na pedra que revestia a parede do belo museu, para penetrar através do contato na sua beleza e no seu encanto, transpirava uma paixão pela pele e acelerava as batidas do meu coração. Cada detalhe de sua arquitetura, cada estátua, cada janela, cada cornija, cada ângulo, cada coluna, era um traço vivo que se imprimia em minha memória. Buscava retratar aquele momento grandioso e único que seria para sempre irreversível.
            Entramos na livraria do museu e comprei um álbum de algumas das principais obras de arte, em língua italiana. Precisava treinar, já que estaria em alguns dias na Itália.
            Só conseguimos conhecer duas alas imensas de pintores: os clássicos do séc. XVI-XVIII e a ala da história da França.
            O retrato de Gioconda seria imperdível. Constatar de perto o sorriso enigmático que atravessa séculos, perscrutar os ruídos  e burburinhos dos visitantes diante do belo retrato atingido por  miríades de flashes de máquinas fotográficas que resplandeciam no infinito em movimentos relampejantes.
            O que me impressionou foi a pintura de David, acerca da coroação de Josephina por Napoleão Bonaparte e, a intrigante história que cerca a cena irreal da França: a mãe de Napoleão não estaria no camarote à esquerda e o Papa não havia abençoado a coroação, pois Josephina era separada e por isso adúltera.
            Fizemos uma fatigante caminhada para o pouco que víamos.
            Os prédios em pedra marfim, com suas janelas guarnecidas de venezianas brancas e jardineiras mostravam no alto do telhado em ardósia, as mansardas formosas e cheias de glamour.
            Estávamos fatigados, Izadora aborrecida, Rute de pernas cansadas e meus pés latejavam intensamente. No entanto, tudo era novo, interessante e gostoso.
            A panificadora na grande avenida à mostra surpreendia com seus pães em tom caramelo, maravilhosos, torrados e suculentos.
            Incrível quando via a hora no relógio: 21:45, estávamos em pleno entardecer. O céu crepuscular banhava a cidade por entre os prédios de cor marfim.
04/07/02